Poema de Mirta Mercedes Popesciel

Leia o poema "sem titulo"
01/03/2011

Tradução: Ronaldo Cagiano

(…)
Descarto patrões
sabres ímãs
capuzes canapé
também repouso
entre pingados
uma lágrima
matriz.

(…)
gramática

assinei meu divórcio
em uma babosa gigante
de abraços mutilados
repousada em qualquer coisa

(…)
Ele
afugenta os grilos à força de abalos
que enfraquecem
o cosmos milenar resiste
à luz da escuridão

Seja teu o fim de tanta imensidão!

Nesta pequena aldeia que me dilacera
às suas raízes moribundas
de gestação

(…)
contrabaixo
topázios
deflorando
cordas

capacete
de placentas
primatas

em sondagens
sucção

(…)
sentada na escassez da sombra
acaricio o impossível

embalo a fé da flecha falecida
prófuga de queimaduras sonâmbulas

removida em uma nova ordem
águas que comem

ou pêras

(…)
Que bordas brotaram deste tecido
em uma lua cheia
em uma minguante
em uma nova
em uma crescente

Por que
uma lua de pasmos
uma pujança de partos

Que pré-história no ombro

Vaga-lumes?

Mirta Mercedes Popesciel
Nasceu em 1970, em Longchamps, província de Buenos Aires. Publicou Contraciones (2002) e Pozo ciego (2004).
Ronaldo Cagiano

Nasceu em Cataguases (MG). Formado em Direito, está atualmente radicado em Portugal. É autor de Eles não moram mais aqui (Contos, Prêmio Jabuti 2016), O mundo sem explicação (Poesia, Lisboa, 2018), Todos os desertos: e depois? (Contos, 2018) e Cartografia do abismo (Poesia, 2020), entre outros.

Rascunho