Carola Saavedra nasceu em Santiago do Chile, em 1973. Veio ao Brasil aos três anos de idade. Morou na Alemanha, onde concluiu um mestrado em comunicação, e também na Espanha e na França. Em 2005, publicou o livro de contos Do lado de fora (7Letras). Recebeu o prêmio APCA de melhor romance por Flores azuis (2009). É autora também de O inventário das coisas ausentes, Paisagem com dromedário e Toda terça. Atualmente, vive em São Paulo (SP).
Quando se deu conta de que queria ser escritora?
Muito cedo, logo que comecei a ler e me apaixonei pelos livros.
Quais são suas manias e obsessões literárias?
Não tenho manias, escrevo quando dá, do jeito que dá. Obsessão só tenho uma, que é a própria literatura.
Que leitura é imprescindível no seu dia-a-dia?
No meu dia a dia, desde o nascimento da minha filha, já não existem leituras imprescindíveis, restaram apenas as leituras possíveis. No momento é o Dom Quixote, tema do meu doutorado.
Se pudesse recomendar um livro à presidente Dilma, qual seria?
Recomendaria O som e a fúria, de Faulkner
Quais são as circunstâncias ideais para escrever?
Tempo e dinheiro. Mas as duas coisas raramente vêm juntas.
Quais são as circunstâncias ideais de leitura?
Um lugar confortável (mas nem tanto), solidão, e claro, um bom livro.
O que considera um dia de trabalho produtivo?
Difícil dizer, muitas vezes só saberemos que um dia foi produtivo anos depois.
O que lhe dá mais prazer no processo de escrita?
As ideias, o projeto. E quando finalmente a história começa a ganhar corpo.
Qual o maior inimigo de um escritor?
Os extremos. Acreditar na sua genialidade e acreditar na sua mediocridade.
A literatura dá pouco espaço para certezas, pessoalmente, não tenho nenhuma. Já dúvidas, tenho muitas. A principal: a cada livro que começo me acompanha a possibilidade de não ser capaz de terminá-lo.
O que mais lhe incomoda no meio literário?
A tendência a dar mais importância à figura do autor do que ao livro que ele escreveu.
Um autor em quem se deveria prestar mais atenção.
Um ex-aluno da minha oficina de romance, Carlos Eduardo Pereira, tem três livros escritos, nenhum deles publicado (ainda). Acho ele brilhante, e, sem dúvida, merece estar entre os novos nomes da literatura contemporânea.
Um livro imprescindível e um descartável.
Imprescindível é o Dom Quixote, descartável, qualquer um que se esgote na primeira leitura.
Que defeito é capaz de destruir ou comprometer um livro?
O uso de clichês.
Que assunto nunca entraria em sua literatura?
Qualquer assunto pode se tornar interessante.
Qual foi o canto mais inusitado de onde tirou inspiração?
Um prato de macarrão.
Quando a inspiração não vem…
Leio não ficção, especialmente ensaios.
Qual escritor — vivo ou morto — gostaria de convidar para um café?
Hilda Hilst, Clarice Lispector, Gabriela Mistral.
O que é um bom leitor?
Alguém capaz de se transformar a partir da leitura.
O que te dá medo?
O encontro da ignorância com a soberba.
O que te faz feliz?
No âmbito pessoal, meu marido e minha filha. No âmbito profissional (que não deixa de ser pessoal), perceber que o meu livro está sendo lido com seriedade e cuidado.
Qual dúvida ou certeza guia seu trabalho?
A literatura dá pouco espaço para certezas, pessoalmente, não tenho nenhuma. Já dúvidas, tenho muitas. A principal: a cada livro que começo me acompanha a possibilidade de não ser capaz de terminá-lo.
Qual a sua maior preocupação ao escrever?
Não me acomodar. Não perder a coragem.
A literatura tem alguma obrigação?
A única obrigação da literatura é com a qualidade.
Qual o limite da ficção?
O limite da ficção é um mistério, é isso o que torna a literatura tão interessante.
Se um ET aparecesse na sua frente e pedisse “leve-me ao seu líder”, a quem você o levaria?
Sem dúvida, à minha filha Victoria, poderosíssimo bebê de um ano.
O que você espera da eternidade?
Espero que ela não exista, a ideia de viver para sempre ou de reencarnar me dá uma imensa preguiça.