Essa voz somos nós

Em discurso de recepção a Ferreira Gullar na ABL, Antonio Carlos Secchin revisita a obra do autor de "Poema sujo"
Ilustração: Ferreira Gullar por Fábio Abreu
29/01/2015

Outono de 1945. Na cidade de São Luís, um adolescente, nascido na Rua dos Prazeres, matriculado na Escola Técnica, obtém nota 9,5 numa redação sobre o Dia do Trabalho, desenvolvendo a ideia de que exatamente nessa data ninguém trabalha. Para a nota máxima, faltou apenas meio ponto, retirado pela mestra devido a dois erros de português. Não obstante, a partir daquele momento, estimulado pelo entusiasmo que a professora manifestou pelo texto, José de Ribamar Ferreira começou a trilhar o caminho que o transformaria, poucos anos depois, em Ferreira Gullar. Se José nasceu em 10 de setembro de 1930, Gullar surgiu 17 anos mais tarde, com um soneto — será coincidência? — intitulado O trabalho, do qual cito o verso “Deixo um rastro de luz por onde passo”.

Toda vossa trajetória consistiu em perseguir e projetar esse rastro de luz por onde quer que passastes. A luz da esperança contra a sombria face de um mundo hostil. A luz da alegria contra o sofrimento. A luz da lucidez contra a treva do obscurantismo. Não por acaso, destes o título Uma luz do chão (2006) ao livro em que refletis sobre vossa própria poesia, assim entendida:

Disso quis eu fazer a minha poesia, dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não têm voz. (….) quis fazer [do canto] a expressão desse drama, o ponto de ignição onde, se possível, alguma luz esplenderá: uma luz da terra, uma luz do chão — nossa. (….) Noutras palavras: uma poesia que revelasse a universalidade latente no nosso dia, no nosso dia a dia, na nossa vida de marginais da história.

Ao lado do poeta que sois, convivem o dramaturgo, o ficcionista, o biógrafo, o cronista, o tradutor, o teórico e crítico de arte, o ensaísta, o artista plástico, o memorialista. Vossa vasta obra representa o cabal desmentido contra o que, há muito tempo, alguém declarou sobre a índole dos maranhenses: “Não há terra no mundo que mais incline ao ócio, ou à preguiça”. O autor dessa frase foi o Padre Antônio Vieira, no ano de 1654.

Há muitos Gullares num só José. Pelas limitações de tempo inerentes a esta cerimônia, circunscrevo-me a percorrer vossa produção poética, que se iniciou, sob forma de livro, em 1949, com Um pouco acima do chão, e que, por enquanto, estende-se até Em alguma parte alguma, de 2010.

Recusa a padrões
Do primeiro livro ao seguinte — A luta corporal, de 1954 — verificou-se um extraordinário salto qualitativo, a ponto de considerardes, com justiça, que somente na segunda obra surge, de fato, o poeta. Quando, em 2008, organizei com vossa assistência a Poesia completa, teatro e prosa de Ferreira Gullar, optamos por alocar Um pouco acima do chão em “Apêndice”, considerando tal obra a manifestação de um escritor ainda incipiente. Aliás, outros importantes autores brasileiros da primeira metade do século 20 expressaram idêntica reserva frente a suas produções iniciais. Mário de Andrade excluiu Há uma gota de sangue em cada poema (1917) das Poesias completas, para inseri-lo no volume Obra imatura. Cecília Meireles chegou ao ponto de suprimir em sua bibliografia qualquer referência ao inaugural Espectros (1919). Portanto, parece conveniente, para poupar futuras e severas autoavaliações, que um poeta trate logo de estrear pelo segundo livro.

A luta corporal ocupa uma posição destacada na poesia brasileira do século passado, tanto no que comporta de adeus à herança de nossa tradição lírica, quanto no que sinaliza como perspectiva da literatura a vir. Não nos esqueçamos de que, à época, vigorava o ideário da Geração de 45, propugnando o retorno às formas fixas e à reclassicização do discurso literário contra tudo aquilo que se acusava de ser os “excessos modernistas”. Poesia formalmente bem elaborada, de temas universais, avessa ao humor e apoiada num léxico de extração nobre, impermeável, portanto, à fala cotidiana e refratária a um leque de referências mais próximas do homem comum.

Os Sete poemas portugueses, na primeira parte de A luta corporal, constituem ao mesmo tempo a celebração e o epitáfio do “poema limpo” em sua pureza lexical, excluído das seções subsequentes do volume, como afirmação de recusa aos padrões poéticos já cristalizados. Sintomaticamente, todos os sete poemas portugueses se constroem com formas fixas — tercetos, quadras, quintilhas. Vossa insatisfação com o exercício de uma poesia com parâmetros prévios aflora no verso “eu colho a ausência que me queima as mãos”. Aí se verbaliza a consciência de que o artista se alimenta daquilo que não há, do invisível que se oculta num real sempre pouco e pequeno para nossa fome inestancável de compreendê-lo. Um real em perpétua fuga, inacessível, a deixar apenas as feridas de uma ausência, que cintila no esplendor de seu vazio. No mesmo poema, dizeis à amada-poesia: “Mas sempre que me acerco vai-se embora.// Assim persigo-a, lúcido e demente”. Os poetas são, a rigor, Ulisses às avessas: aventureiros que perseguem sereias inalcançáveis e ensurdecidas. Intuem que elas jamais se deixarão conquistar, mas sabem também que, apesar disso, compete-lhes cantar até a absoluta exaustão do derradeiro fio da voz, conforme se lê no magnífico Galo galo: “Eis que bate as asas, vai/ morrer, encurva o vertiginoso pescoço/ donde o canto rubro escoa.// Vê-se: o canto é inútil”.

Os demais segmentos de A luta corporal testemunham vosso embate contra tudo que representasse estabilidade poética, num crescendo que culmina, em Roçzeiral, com a própria desintegração da linguagem, tentativa extremada de fazer o discurso nascer simultâneo ao poema, com o risco, aí implícito, de se criar um idioma artificial, na fronteira da incomunicabilidade. Cito: “MU gargântu/ FU burge/ MU guelu, Mu”. Portanto, o poema que inventa a linguagem também decreta no mesmo passo a sua morte, pela intransitividade de uma fala que é puro fulgor do significante num processo de iminente autocombustão.

Essa vertente experimental, no entanto, associada, em muitos poemas da obra, a um criativo aproveitamento do espaço gráfico, propicia que em A luta corporal se percebam técnicas e procedimentos que, pouco depois, viriam a ser incorporados e desenvolvidos pelo Concretismo. Vossa aproximação com esse movimento de vanguarda, do qual vos separastes ao julgá-lo excessivamente tributário da mecanização/desumanização da escrita, legou a nossas letras, em 1958, um volume de textos concretos/neoconcretos, dentre os quais o antológico mar azul, em que, à maneira de uma onda, o verso inicial se repete — pois uma onda nasce da outra — para logo se reelaborar, pois uma onda é diferente da outra. Do “mar azul”, atravessamos o “marco azul”, o “barco azul”, o “arco azul”, até chegarmos à claridade do “ar azul”.

O epílogo do livro deixava em aberto um problema: como ir além da desintegração da linguagem? Impossível prosseguir nessa via, que, radicalizada, conduziria ao impasse total de um discurso na beira da não linguagem ou do silêncio absoluto.

Poesia social
Dialeticamente, desintegrastes a desintegração, reintegrando o signo à esfera da comunicabilidade. Surge daí o O vil metal, coletânea de peças escritas entre 1954 e 1960. Alguns vestígios da dicção de A luta corporal, a exemplo da atomização linguística, ainda transparecem em Fogos da flora e Definições, mas, no conjunto, despontam novas formas e temas, que encontrarão guarida em toda vossa obra futura. Assim a preferência ostensiva pelo verso e estrofação livres (contrabalançada, aqui e acolá, pela presença de quadras em redondilha ou decassílabos); assim a extrema sensorialização — tátil, visual e olfativa — da realidade; a pulsação lírico-amorosa; e o tempero do humor, conforme se lê no texto de despedida a um apartamento partilhado com dois amigos, no Poema de adeus ao falado 56: “Meu anjo da guarda não/ levo; livro-me enfim/ desse que como um cão/ me protege de mim.// Deixo-o para a casa/ varrer e defender,/ e sumir sob a asa/ o que quer se perder”). Inventário de perdas, não só a do anjo da guarda, mas a do demônio do Modernismo, Oswald de Andrade, à época um nome de pouco valor no mercado de ações literário, mas que mereceu de vossa parte o comovente Oswald morto. Curiosamente, o livro se encerra por outro necrológio: Réquiem para Gullar.

De algum modo, fostes fiel a esse título, “matando” nas produções subsequentes o poeta refinado em prol dos sonhos da construção de uma sociedade mais justa. Refiro-me, é claro, ao período dos “romances de cordel” (1962-1967), onde o imperativo da imediata e maior comunicabilidade cobrava o preço da menor elaboração estética. No exercício da “poesia social”, voluntariamente sacrificastes o substantivo em prol do adjetivo. Tempo de crença nas utopias coletivistas que iriam redimir a população sofrida do país, tempos que se encerraram no anticlímax de uma ditadura que vos escolheu como uma de suas vítimas preferenciais. O viajante Ulisses-Gullar teve então de tornar clandestino o seu canto. Em breve o forçariam a se evadir não das sereias, mas das sirenes e holofotes que o perseguiam e tentavam acuá-lo Dentro da noite veloz, título publicado em 1975. Livro com muitos poemas que escrevestes no exílio, abriga igualmente algumas obras-primas de vossa vertente lírica.

Talvez em decorrência das perseguições que sofrestes, difundiu-se o lugar-comum de que Ferreira Gullar é poeta político, quando, a rigor, só o fostes inteira e programaticamente na experiência do cordel. O contingente lírico-reflexivo de vossa obra suplanta sob qualquer critério, inclusive quantitativo, o quinhão especificamente político. Mesmo naquele período sob o jugo da injustiça, vosso canto encontrou frestas para a celebração amorosa, fazendo às vezes confluírem no mesmo e esperançado texto a experiência social e a experiência sensual:

Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena

Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena
como é azul o oceano
e a lagoa serena

como um tempo de alegria
por trás do terror me acena 

e a noite carrega o dia
com seu colo de açucena

– sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena

mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena

Há outras peças de intensa celebração sensorial, a exemplo do originalíssimo Verão, em que a voluptuosa atmosfera dos trópicos vos propicia a leitura do estio comparado a um bicho que não aceita a extinção, e que, mesmo em seus estertores, ainda vibra como uma conclamação à vida:

A carne de fevereiro
tem o sabor suicida
de coisa que está vivendo
vivendo mas já perdida.

Mas como tudo que vive
não desiste de viver,
fevereiro não desiste:
vai morrer, não quer morrer.

O vento que empurra a tarde
arrasta a fera ferida,
rasga-lhe o corpo de nuvens
dessangra-a sobre a Avenida

E nesse esquartejamento
a que outros chamam verão,
fevereiro ainda em agonia
resiste mordendo o chão.

Sim, fevereiro resiste
como uma fera ferida.
É essa esperança doida
que é o próprio nome da vida

O veio memorialístico, aqui presente em A casa e Fotografia aérea, passa a ocupar toda a cena no livro seguinte, o Poema sujo, editado em 1976, e de pronto reconhecido como obra ímpar na poesia brasileira do século 20. Num fluxo ininterrupto ao longo de dezenas de páginas, em vez de retratar a nostálgica e pitoresca São Luís da infância, resguardadas ambas, cidade e infância, na redoma protetora e distanciada de um “lá”, esse livro-poema expressa a eclosão avassaladora de um espaço e de um tempo longínquos, mas que se tornam próximos e contemporâneos de vosso gesto de escrita: um ontem vivenciado como se estivesse renascendo com transbordante intensidade no próprio momento da enunciação do texto. Daí a flutuação dos tempos verbais, num contínuo trânsito entre presente e pretérito. Não apenas as temporalidades se justapõem (“Muitos/ muitos dias há num dia só”); também os espaços se interpenetram (“O homem está na cidade/ como uma coisa está em outra/ e a cidade está no homem/ que está em outra cidade”).

O gosto da fruta
A densa e escura carga de sofrimento encapsulada Dentro da noite veloz aparentemente cede passo à esperança de luz contida Na vertigem do dia, livro de 1980, sobretudo se acreditarmos rápido demais no título do poema de abertura do volume: A alegria — na verdade, um de vossos mais duros e doídos textos:

O sofrimento não tem
nenhum valor.
Não acende um halo
em volta da tua cabeça, não
ilumina trecho algum
de tua carne escura

A dor
te iguala a ratos e baratas
que também de dentro dos esgotos
espiam o sol
e no seu corpo nojento
de entre fezes
querem estar contentes

Na vertigem do dia estampa, ainda, o celebrado Traduzir-se. Após desenvolver uma série de antinomias entre um eu íntimo, excêntrico, e um eu público, sociável, o poema se encerra com a sugestão de que a arte residiria não em um ou outro polo, mas na coabitação, tensa embora, dessas metades aparentemente inconciliáveis: “Traduzir uma parte/ na outra parte/ – que é uma questão/ de vida ou morte —/ será arte?”. Sim, inclusive porque “arte” é um signo já contido no bojo da palavra “parte”. Quando se desconstrói a “parte”, eliminando-se o “p” inicial, ela deixa emergir, de dentro de seu corpo fragmentado, a inteireza da palavra “arte”.

Barulhos, de 1987, dialoga acusticamente com Muitas vozes, de 1999. No primeiro, avulta o repertório de perdas — Oduvaldo Viana Filho, Clarice Lispector, Armando Costa, Mário Pedrosa — e intensifica-se vossa vertente metalinguística, como em Nasce o poema, relato da gênese de um texto, cujo estímulo, deflagrado em 1955, só materializou-se em 1987, num testemunho de que dados imponderáveis interferem no ato criador. Também metalinguístico é O cheiro da tangerina, no questionamento da relação, nunca resolvida, entre os objetos e as palavras que supostamente os representam. Na mesma direção se insere, no livro de 1999, o poema Não coisa: “O que o poeta quer dizer/ no discurso não cabe/ e se o diz é pra saber/ o que ainda não sabe.// A linguagem dispõe/ de conceitos, de nomes/ mas o gosto da fruta/ só o sabes se a comes”.

No prefácio a Em alguma parte alguma, de 2010, pude observar:

Poesia meditativa, sim, mas cuja alta reflexão não elide, antes convoca, a ostensividade da matéria, em todas as suas dimensões. Versos banhados em luz (em especial, a das manhãs maranhenses), versos atravessados pelos ruídos de risos e gorjeios, abastecidos no sabor de peras e bananas, aconchegados na epiderme feminina, embriagados pelo odor dos jasmins — em nossa poesia, Gullar é quem mais se destaca numa linhagem que erotiza o corpo do mundo. (…) Subjaz nessa poesia uma nota renitente de que o homem é condenado à sua arbitrária individualidade e só lhe resta inventar — por exemplo, na arte — outras ordenações ou desordenações do real, em que a morte seja vencida, os encontros sejam possíveis, e as coisas enfim, ganhem algum sentido.

Gostaria, por fim, de endereçar essas considerações para um terreno mais pessoal, destacando os laços de amizade que nos unem. Importa destacar, em vossa biografia, os vigorosos princípios éticos que a norteiam, e a correlata manifestação de tais valores no decurso de vossa produção literária, a ponto de eu haver denominado Gullar: obravida um estudo que lhe dediquei, com os dois substantivos comuns reunidos nesse neologismo. Não vou deter-me nos percalços que enfrentastes, tampouco no desassombro e na altivez de vossa resistência frente ao arbítrio. Prefiro concentrar-me nos anos mais recentes, marcados por episódios felizes, como o recebimento da mais alta láurea desta instituição, o Prêmio Machado de Assis, em 2005; a obtenção do título de Doutor Honoris Causa, conferido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2010; no mesmo ano, vossa vitória no Prêmio Camões; no dia 9 de outubro de 2014, vossa eleição para a Casa de Gonçalves Dias, chamemo-la assim, em homenagem ao patrono da cadeira 15 e vosso conterrâneo.

Agora, simbolicamente, 69 anos depois, a Academia Brasileira de Letras vos restitui aquele meio ponto que a professora subtraiu na redação de 1945: aqui, sem dúvida, fostes acolhido com a nota máxima. Neste 5 de dezembro de 2014, respaldado por votação consagradora, assumis a cadeira 37, honrando a representação de um estado nordestino que já contribuíra com o expressivo montante de dez escritores para o quadro de membros efetivos da Casa. Como fostes jogador de futebol na equipe juvenil do Sampaio Correia, podemos afirmar que, com a entrada na Academia do décimo primeiro maranhense, a escalação do time estadual finalmente se completa.

Sinto-me particularmente sensibilizado pelo fato de sucederdes Ivan Junqueira, de quem fui amigo muito próximo antes mesmo de nossos dez anos de convívio acadêmico, e a quem homenageastes num belo discurso. Vários elos conectam nossas três vidas. Ivan e eu dirigíamos a Revista Poesia Sempre quando, em 1998, nos concedestes aquela que talvez seja a mais extensa e relevante entrevista sobre vossa obra, espraiando-se por 42 páginas. Ivan foi editor da Revista Piracema, quando estivestes à frente da FUNARTE. No ano 2000, vosso antecessor assumiu a cadeira 37, na vaga de João Cabral de Melo Neto, outro escritor de minha particular consideração. Por fim, expresso a alegria de nesta noite receber o poeta que sucede ao poeta que me recebeu em 2004. O destino atou com perfeição as pontas desse triângulo delicadamente tramado na confluência do afeto e da poesia.

Em Y-juca-pirama, de Gonçalves Dias, declara um personagem: “Em tudo o rito se cumpra”. Nos primórdios da ABL, todos os discursos de recepção, ditos “de resposta”, utilizavam a segunda pessoa do plural, o “vós”; tal tradição está longe de se extinguir, pois, já no século 21, das quinze mais recentes saudações, oito se valeram dessa forma de tratamento. Neste instante, porém, peço licença para transformar “Vossa Mercê” em “você” e para cometer uma pequena transgressão ortográfica: mantenho o “vós”, mas retiro o acento agudo e troco o “s” pelo “z”.

Quero louvar a voz de um poeta maior que ingressa na Academia Brasileira de Letras. Com a tácita concordância de tantos confrades que lhe sufragaram o nome, despeço-me com a citação de um verso em que você proclama a vocação agregadora da palavra poética, convidando a que todos nela se reconheçam. Assim, compartilhando a alegria de sua chegada a esta Casa, ouso dizer que hoje “Essa voz somos nós”.

Antonio Carlos Secchin

É poeta, ensaísta, professor emérito da UFRJ e membro da ABL. Em 2017 publicou Desdizer, poesia reunida, editada em Portugal no ano seguinte. Seu livro Percursos da poesia brasileira, do século XVIII ao XXI ganhou o prêmio da APCA para melhor livro de ensaios publicado no país em 2018.

Rascunho