Nascido em Juazeiro do Norte (CE) e radicado no Recife (PE), foi na sua cidade natal, em 1976, que Sidney Rocha conta ter ingressado na literatura. Desde então, vieram o romance Sofia — Uma ventania para dentro —Prêmio Osman Lins de Romance em 1985 e republicado em 2005 — e os contos de Matriuska (2009) e O destino das metáforas (2011), vencedor do Jabuti. Neste último, Rocha, que integra a coletânea Geração Zero Zero, aborda a tragédia e a degradação profunda dos personagens, e toma para si a tarefa de nocautear o leitor em cada um dos dezessete contos do livro. Neste Inquérito, o escritor, que prepara um novo romance, A morte a todos destruirá, segue a metáfora de Cortázar e dá respostas certeiras sobre o ofício do escritor e as possibilidades da ficção.
• Quando se deu conta de que queria ser escritor?
Ao ler Memórias e confissões íntimas de um pecador justificado[de James Hogg].
• Quais são suas manias e obsessões literárias?
Retroscrever: relescrever: reescrever: retroescrever.
• Que leitura é imprescindível no seu dia-a-dia?
Adalberto, o grande escritor, personagem do meu novo livro.
• Se pudesse recomendar um livro à presidente Dilma, qual seria?
A Constituição.
• Quais são as circunstâncias ideais para escrever?
Todas são igualmente boas e más.
• Quais são as circunstâncias ideais de leitura?
Conforto e luz encanada.
• O que considera um dia de trabalho produtivo?
Vinte e quatro páginas prontas para imprimir.
• O que lhe dá mais prazer no processo de escrita?
Terminar.
• Qual o maior inimigo de um escritor?
A vaidade.
• O que mais lhe incomoda no meio literário?
A ausência da literatura.
• Um autor em quem se deveria prestar mais atenção.
Sidney Rocha.
• Um livro imprescindível e um descartável.
A Bíblia e o Corão, não literalmente nessa ordem (ou caos).
•Que defeito é capaz de destruir ou comprometer um livro?
A pressa.
• Que assunto nunca entraria em sua literatura?
As boas maneiras.
• Qual foi o canto mais inusitado de onde tirou inspiração?
O do quetzal.
• Quando a inspiração não vem…
O cheque volta.
• Qual escritor — vivo ou morto — gostaria de convidar para um café?
Voltaire.
• O que é um bom leitor?
O que compra meus livros.
• O que te dá medo?
Encierro de San Fermín.
• O que te faz feliz?
Uma viagem aos Andes.
• Qual dúvida ou certeza guia seu trabalho?
“Alguém vai realmente ler isso?”
“Não.”
• Qual a sua maior preocupação ao escrever?
Escrever.
• A literatura tem alguma obrigação?
Não.
• Qual o limite da ficção?
Nenhum.
• Se um ET aparecesse na sua frente e pedisse “leve-me ao seu líder”, a quem você o levaria?
?.
• O que você espera da eternidade?
Que volte logo.