Poemas de André Luiz Pinto

Leia os poemas "sem título" de André Luiz Pinto
André Luiz Pinto, autor de “Primeiro de Abril”
01/02/2003

…embora lhes arrancassem da
sombra, casualmente se elegem;
logo seus rostos, solenemente
contra os mesmos sinais
ao sono que os acalenta: olhar
agudo, disfarçando bocas internas
como em cristais, abjeto
ao próprio ser; caso o contrário aconteça
e neles se restitua, prenhe de razão,
rosas pontiagulhas, através do qual sombra
e corpo se confundem, adquirindo
a nudez necessária para fugirmos em silêncio.

1. Bem, que o desejo
não escape
à fúria desse espelho:

2. advém de parte alguma
como deus
decanta a memória,
condiz
à última sentença:

3. quando podemos
morrer?

4. Não parece lógico
se bem que a matéria
torne
arbítrio e santo
um lupanar

5. imediatamente novas
(as rosas)
cultivo no escuro

para josé, meu pai

Noite promíscua
e sábia, dela
extrairmos o
próprio veneno

— sacerdotisa —
entre dois amores,
soturna fábrica.

Se chego morto
de manhã
ancoras fumaça
partindo de mim.

André Luiz Pinto

Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro (RJ). Doutor em Filosofia pela UERJ, é autor, entre outros livros, de Flor à margem (1999), Ao léu (2007), Mas valia (2016) e o mais recente, Na rua, em parceria com Armando Freitas Filho (2019). Sua poesia foi tema nos documentários André Luiz Pinto: Prazer, esse sou eu e Autobiografias poético-politicas, ambos de Alberto Pucheu.

Rascunho