Tatuagem
Se eu te perguntasse
Por entre beijos,
“gosto se tatua?”
Que me dirias?
Como se eu escrevesse
Entre saudades
Este risco-rabisco
De uma idéia pulsante,
Tateei teu cheiro,
Desenhei teu faro,
E, em vermelho,
Uma rosa nasceu.
Se eu te falasse
“A carne, em plenitude, Homem,
se torna fogo”
Duvidarias?
Na urdidura,
Teci teus sonhos,
Tramei teus gestos,
Toquei teu gosto
E, tácita,
Realizei o desejo.
Como se eu sonhasse
Entre loucuras
Este misto de céu e profundezas
Que é teu ser,
Tornei indelével
A nossa história
E nas entranhas da derme
Perene, a rubra flor.
E se, diante
De todas as lembranças,
Eu afirmasse agora,
Emocionada,
“Te Amo, Homem,
e este delírio é meu viver.”
Acreditarias?
…
Estigma
Agora
Já não lembro mais teu rosto.
Apenas
O som da tua voz tênue
Ondula
Em minha memória.
O sonho
Matizado por tua boca acanhada
Me fez calar.
E este silêncio em que me transformo
É tão somente
Um prelúdio de morte
Estagnado
Num canto de ausência.