Poemas de Ésio Macedo Ribeiro

Leia os poemas "Fatura" e "O passo do diabo"
01/05/2004

Fatura

Histórias querem ser contadas.
Seguem-me
desde quando a história
vem comigo.
São anônimas e comezinhas.
Umas entrelaçam-se
e duram anos.
Outras resistem em flashes.

São um não-livro de histórias.
Ao escrevê-las cessam de sê-lo.
Escrevê-las é
visitá-las,
revisá-las,
inscrevê-las.

Requestam um muito de atenção.
Há, nelas, revérbero
de saudade,
senso de desilusão
e uns afeites
para torná-las.

(Quando se escreve
uma história
sente-se vazio de sua
agonia.)

(Toda história vem
cheia de dentes.)

O passo do diabo

Ninguém.
Ninguém.
Ninguém.

Os dias,
três vozes
e um escudo.

Na cruz,
bebe o vinho
dos predestinados.

Tem também os eleitos,
os que dormem a vida inteira
e os que sangram.

Ésio Macedo Ribeiro

É autor de E Lúcifer dá seu beijo, Marés de amor ao mar, Pontuação circense, entre outros.

Rascunho