Sariema

Conto de Rinaldo de Fernandes
Ilustração: Cesar Marchesini
01/11/2004

Eu não brigava, nunca fui disso. Assim foi, e falo fazendo essas mugangas, imitando pessoa a pessoa, porque sou desse jeito mesmo, desde menina. Minha mãe ralhava — essa menina parece papagaio. Era mesmo. Eu gostava de imitar todo mundo, tia, tio, primo, prima. Pio de pássaro, pica-pau, periquito, pombo. Perdiz, pato, peru — a peste. Você, que não é dessas bandas, que anda só de passagem. Você se acocore aí — aconteceu…

Aconteceu que, na hora em que o Orósio voltava, vi que ia ser um motim da peste. O Nhô Augusto, pelo que eu conhecia, não ia ficar no dito pelo não fiz. Orósio, brabo como se tornara, não ia parar no meio do terreiro, pitar ali pra mata. Orósio apareceu no pedrês lá na curva do caminho, firme em cima da sela, alto, alvo. Os cascos do animal faziam a areia espirrar, as folhas da margem já bem empoeiradas. Quando avistou a casa, Orósio plantou as esporas, o pedrês veio vindo rápido, rompendo as ramas secas beirando a cerca. Era tarde, o sol amarelo atrás das andirobas. Você é de briga? Tem medo de briga? Tanto caminho, e enfiando-se logo por esse desvio doido?…

Pois bem, escute. Orósio foi descendo do cavalo, amarrando o bicho ali no pé de caju, tirando os arreios, a sela, tocando tudo no quartinho de lado do alpendre. Soltou o pedrês no pasto, virou-se para casa, bateu os pés no batente. Viu o homem, não deu muita importância. Uai! Os olhos assim tremendo? Sono? Tem, sim, medo de briga…

Orósio, parado no meio do alpendre, puxou a palha, passou a enrolar um cigarro. Na outra ponta, num banco, encostado na parede, o homem espiava os pés com manchas azuladas do Orósio.

Da porta avaliei a distância entre os dois. Eu estava com ódio de Nhô Augusto. Tinha vontade — a faca no cós da saia — de furar o peste ali mesmo. Orósio olhou para as mãos amarelas do homem, escoradas no banco, como se o corpo estivesse se preparando para romper a cumeeira, num pulo. Orósio tossiu:

— Pois sim.

Nhô Augusto observou o pedrês, no fundo do pasto, mastigando um talo. Orósio acendeu o cigarro, tossiu de novo, olhando de lado para o outro. Um pássaro piou numa palmeira, zumbiu na pedra próxima a casa uma cigarra. O sol, além das andirobas, agora avermelhado.

— Tenho que ter uma conversa, de homem pra homem, com você — rosnou Nhô Augusto, erguendo-se do banco. Uma maracanã se espantou na mata. O casal de pretos passou distante, na vereda.

Tá gostando do que digo? Só vai saber porque há uns dois meses estou aqui neste casebre (fugi daquela casa, muita maldição ali), caída nesta esteira, com esses ferimentos fechando, e se me ouvir… Ouve? Quer saber como eu vim parar aqui no Tombador? No dia em que Joãozinho Bem-Bem viajou com os outros, fiquei, doente, com impaludismo, na casa de uma moradora, dona Maricota, aqui perto. Joãozinho Bem-Bem tinha ido pra casa de Nhô Augusto e do casal de pretos, também aqui perto — jantaram, riram, farrearam a noite toda. Soube depois que, aí, Joãozinho Bem-Bem e Nhô Augusto amarraram-se numa amizade besta, um admirando o outro. Cuidando de mim, preocupado, Orósio pendurou as armas no alpendre, esticou a rede, não foi lá para onde estavam os nossos comparsas, não. Às vezes era assim — quando a gente chegava nos vilarejos, ficava um aqui, outro acolá, espalhados pelas casas. Dia seguinte, vindo da casa de Nhô Augusto, Joãozinho Bem-Bem rugiu na porta da dona Maricota:

— Levanta, Orósio, tá na hora de ir!

Pedi a Joãozinho Bem-Bem que me deixasse uns dias ali, até ele voltar com o bando lá das Taquaras, lá do serviço pra seu Nicolau Cardoso. Eu tinha muita febre, o corpo tremia todo. Foi então que passei trinta dias ali, sozinha, na casa de dona Maricota. No segundo dia, o corpo piorou, fiquei fraca, fraca. Dona Maricota andou pela redondeza, procurando remédio. Uma tarde veio o casal de pretos, ficaram os dois tratando de mim. Disseram que iam mandar o “filho” deles trazer um remédio e fazer uma reza. Na manhã seguinte, eu delirando na rede, a reza começou a sair do peito de um homem forte, vermelho. No meio da reza, eu espiava aquele homem. Eu espiava bem — até que achei que eu conhecia ele de algum lugar. Olhei, virei. Sim, eu conhecia…

Eu conheci Orósio muito tempo atrás, noite de novena e leilão, arraial da Virgem Nossa Senhora das Dores do Córrego do Murici. Depois a gente não se viu mais. Quando voltei a me encontrar com ele, Orósio já estava no bando de Joãozinho Bem-Bem. A gente só tinha se topado nessa dita novena, noite de confusão, muvuca. Ficamos um pedaço ali, pertinhos, um reparando no outro. Aí o tal do Nhô Augusto, naquele tempo fazendeiro mandão, desregrado (tinha a mania miserável de tirar a mulher dos outros!), me puxou pelo braço, me empurrou por uma rua e, se desfazendo de mim, falou uma coisa que até hoje não me esqueço:

— Você tem perna de manuel-fonseca, uma fina e outra seca! E está que é só osso, peixe cozido sem tempero…

E zombou mais, já indo longe:

— Sariema!

Eu estava enfurecida, porque no leilão tinham posto o dito apelido em mim — Sariema. Ô povo podre! Apois sim, como eu dizia: quando voltei a me encontrar com Orósio, ele não trabalhava mais pro Major Consilva. Inimigo de Nhô Augusto, Major Consilva juntara seus homens e mandara dar uma surra nele, Nhô Augusto, até ferraram o condenado nesse dia. Após a surra, afundando num barranco, Nhô Augusto foi tido como morto. Depois, já por aqui, eu soube que o preto é quem achou Nhô Augusto, ele e a preta puxaram a vida do peste de volta, trataram dele. Nhô Augusto, recuperado, não quis mais aquela vida de antes, de brigão, de rompedor, passou a viver com os pretos, a cuidar deles. Seguiu os conselhos de um padre: cuidou de rezar e trabalhar feito um condenado. Num quer sentar? Eu vou ficar aqui só mais uns tempos. Hum? Tenho mais ninguém no mundo, não. Só uma prima. Vou atrás dela, mais adiante…

Bom, o Orósio, como eu te contava, que já tinha deixado o Major Consilva, estava metido com o bando de Joãozinho Bem-Bem quando a gente se topou de novo. Orósio era viajando por esse mundo, circulando pelo sertão todo, apanhando, pegando a mão, furando como quem abate porco… Orósio aprendeu a ser valente assim. Você tem medo de briga? Não? Apois eu tava achando… Não tenha! Veja aqui as feridas… Hein? Foi briga, já te falo! O Orósio, depois de se juntar com a tropa toda de Joãozinho Bem-Bem, virou um homem muito valente. Eu não sabia que ele tinha essas brabezas todas. E começou a me puxar pro bando, a me influenciar. Terminei entrando pra companhia de Joãozinho Bem-Bem. Aprendi tanta coisa. E briguei. Briguei muito. É. Quando parei com essa vida, fiquei com duas mortes em cima de mim. Foi. Não teve jeito, tava ali, sem querer largar o Orósio, tive que matar gente também. Cê tá com medo? Mas foi pra me defender, que não sou assassina!

Aí, quando adoeci na viagem, eu dizia, fiquei aqui no Tombador. Naquela manhã reconheci o homem que rezava na minha cabeceira. Era o afamado Nhô Augusto Esteves, das Pindaíbas. Vixe, meu pai, mas que susto! Orósio não disse que ele tinha morrido? Mas o homem ali estava, rezando na minha cabeça. Calei, não dei um sopro!

Quando Orósio veio me buscar, um mês mais tarde, tomei uma decisão. Eu tinha gostado dali, da dona Maricota, do casal de pretos. Eram pessoas boas. E Nhô Augusto (mas que diferença!), com suas rezas e tarefas, que ficasse lá, eu nem me lembrava dele, daquele dia do leilão, não me importava mais com aquilo. E via que ele era outra pessoa mesmo, cuidando do casal de pretos, prestativo, ajudando os outros, amigo de todo mundo. Que ele ficasse lá, apois! Disse pro Orósio que ele podia prosseguir viajando com Joãozinho Bem-Bem, mas que eu, a partir daquele dia, ia morar no Tombador. Orósio resmungou, deu lá as tosses dele, mas terminou aceitando. Ia ficar vindo de vez em quando. Nessa época, esqueci de dizer, a gente já tava casado… Quer água? Se quiser, tem um pote ali dentro…

Orósio fez uma casinha não muito longe da de Nhô Augusto e do casal de pretos. Nhô Augusto sempre trabalhando e rezando (e eu mouca de admiração, como alguém podia ter mudado tanto!). Orósio continuou andando pelo mundo, ajudando Joãozinho Bem-Bem, vinha muito pouco me ver. Mas eu estava bem, não me faltava nada. Nhô Augusto (sem nunca desconfiar que eu sabia quem ele era) me ajudava bastante — batia o mato em volta da casa, trazia macaxeira, aqui e ali um pedaço de bode, um frango. Era uma pessoa boa demais, muito respeitoso. A ponto de eu esquecer mesmo o que ele, naqueles outros tempos, tinha feito comigo. Ai, meu braço ainda dói… aqui, desse lado… essa ferida roxa… tá vendo? Até que aconteceu…

Aconteceu que Nhô Augusto começou a falar que ia embora, que ia chegar a sua hora e vez. Começou a beber umas cachaças, a descer os olhos pras minhas partes. Até que, uma tarde, eu sozinha em casa, ele apareceu na janela, disse que queria um assunto comigo. Estava muito vermelho, trêmulo, o olhar frio, assim variando. Foi quando, antes de eu sair para o alpendre, ele entrou em minha sala, foi logo me peitando (não tive tempo sequer de alcançar a espingarda pendurada ali na parede!) e caindo em cima de mim com cheiros, agarrados, lambidos… Conseguiu me dobrar, tirou a minha roupa, veio com um peso grande, abriu as minhas pernas. Quando vi, ele já tava com a coisa dentro de mim, indo e vindo, dando sacolejos, assoprando forte, uma vontade que não consegui conter. E me encheu toda, vibrando as carnes, grunhindo umas palavras, dizendo que gostava de mim, que eu estava fazendo a coisa melhor do mundo pra ele…

Aí se foi pelo caminho, assobiando. Ô peste! Foi, mas deixou o ódio comigo. Eu ia matar o infeliz. Eu ia. Aprendi. Mas resolvi uma coisa. Aquilo era coisa pro Orósio. Era ele que tinha que lavar a honra — afinal, eu era com ele casada, no padre e no papel. Eu tinha que esperar Orósio chegar de suas tarefas e aí, sim, fazer o outro pagar o que devia. Tim-tim por tim-tim. Você tá curioso? Apois fique… E viaja amanhã cedo? Eu também vou embora daqui, mas quando sarar mais este braço…

O tal do Nhô Augusto, eu não entendia muito o peste. Nessa tarde em que o Orósio chegou no pedrês, Nhô Augusto veio vindo pela estrada uma hora antes. Veio, sentou no banco do meu alpendre e me chamou. Tive vontade de bater a mão na espingarda, de fazer o serviço antes do Orósio. Pus a faca no cós da saia. Nhô Augusto, paciente, me chamou mais umas três vezes, disse que não queria me fazer mal, que queria me falar uma coisa importante. Saí para ouvir sua palavra. Ele tossiu, ficou em pé, o cabrito perto, cheirando-lhe a perna. Disse:

— Falo como um homem com a senhora. Eu rezo todo dia, peço a Deus que me guie, que não me deixe ser um covarde. Entendo que chegou a minha hora e vez. Eu fiz aquilo com a senhora, Deus achou que fiz uma covardia. E eu assim também penso…

Pareceu que ele adivinhava os meus pensamentos, que desejava justamente o que eu queria, fantasiava. Assoou com força, raspou a mão no nariz:

— Eu não sou um covarde. Vim aqui pra ajustar as contas com o seu marido…

— Apois espere, que ele chega daqui a pouco.

Bati o pé para o cabrito que veio me lamber:

— Mas espere sentado, que é pra na hora da briga não estar cansado!

Nhô Augusto ficou sério, sozinho ali no alpendre, reclinado no banco. Aí apareceu no caminho o Orósio no pedrês. Quer que eu conte o resto? Não tem medo de intriga, já vi. Senta ali no canto, não é mais limpo? Hum? Comida? Me viro como posso. O preto Serapião me traz de três em três dias…

Depois que o Orósio soltou o pedrês no pasto e veio para dentro de casa, eu lhe participei:

— Tá aí fora um homem que me fez mal esses dias.

— Que mal? — perguntou Orósio, passando a mão no sinal preto do pescoço.

— Um que homem nenhum deve de fazer a uma mulher casada…

Orósio saiu para o alpendre, preparou um cigarro. Tossiu, riscou o fósforo, fumou, reparando no homem. Ficou um pedaço pensativo, a cigarra zumbindo próximo a casa. Passado algum tempo, Nhô Augusto, erguendo-se do banco, disse:

— Tenho que ter uma conversa, de homem pra homem, com você.

Orósio foi se aproximando de Nhô Augusto, que já prendia o cabo da faca na mão. Quer luta? Vai vir…

Antes que Orósio puxasse também sua faca, eu falei, olhando o queixo trêmulo dele:

  • Esse aí é o Nhô Augusto Esteves, Orósio, que morreu mas reviveu.

Orósio, pareceu, foi logo entendendo tudo. E eu ajuntei, olhando para Nhô Augusto:

— E esse aqui, você não sabe, é o Orósio, meu marido, que também lhe bateu a mando do Major Consilva. É ele hoje o homem mais valente dessas bandas. Já é temido até por Joãozinho Bem-Bem…

Nhô Augusto empurrou os olhos em Orósio, que já desviara, a faca firme na mão, o dedão relado. Nhô Augusto sorriu:

— Pois chegou mesmo a minha hora. De um homem assim é que eu cuidava de ver em minha frente…

Os dois aí começaram a bater facas, rompia um na frente do outro, braço vai, braço fica, berros, pulos, as facas faiscando na pedra, Nhô Augusto, nas areias embaixo do cajueiro, o tempo todo rindo:

— Ui! Se prepara pra morrer!

Você tá achando graça? É, eu ainda imito voz de gente, de bicho — pareço papagaio. Hum? Se aqui tem onça? Tenho medo não… E foi tudo muito rápido, ratoeira. Orósio recebeu um corte fundo no ombro — a mão prendendo o sangue, parou o passo… Quer mais sangue? Eu falo muito, eu vivo só. Quando chega alguém aqui, é assim… Apois sim, Orósio recebeu o corte e, aí, se perdeu… Nhô Augusto entrou nele com tudo, enfiou a faca até o cabo, Orósio tombou, tremeu, o rosto pra cima, o sangue espumando na barriga, lavando as folhas secas. Então revirou os olhos. Nhô Augusto limpou a faca, catou um cisco na calça, olhou pro alto. Rezou um pai-nosso, o peste, a faca todo tempo na mão… Você viaja pra Diamantina? Você errou caminho. Veio dar aqui no meu rancho, é, se desviou… Homem, você vem de onde? É de brigar? Acho que não. Apois arme depois sua rede ali fora, pendura no pé de pau. E, de madrugada, não venha mexer comigo. Tô lhe avisando!

Nhô Augusto, após rezar o pai-nosso, disse:

— Homem virado, de coragem. Me bateu, me ferrou… Metia medo em seu Joãozinho Bem-Bem. Tive minha hora e vez, meu pai. Tive…

Eu, do alpendre, anunciei:

— Teve ainda não.

Fui descendo, pisei a areia rala do terreiro:

— Eu digo que você é homem se vier me enfrentar agora. Você, naquela noite do leilão, me pegou desprevenida, se lembra, peste?! Vem agora… — e eu já prendia a faca do Orósio na mão.

Nhô Augusto riu mais uma vez, a boca tremida:

— Onde já se viu isso, dona, mulher brigar de faca com homem?

Eu me arreliei:

— Apois vai ter que ser.

Nhô Augusto se assustou:

— Não faça isso, dona, que eu não sou covarde pra ferir mulher!

— Eu acho você um covarde. É. Covarde! E sua vez veio mesmo, e é agora!

Avancei no homem (eu, quando no bando de Joãozinho Bem-Bem, já tinha derrubado um preto brigador na faca). Nhô Augusto desvirou, arisco:

— Não faça isso, dona, que eu não quero machucar a senhora!

— Você tá com medo, covarde? É sua vez, covarde!

Ele tava irritado, os olhos amarelos, atentos. Raspou a mão no meu pescoço, tentando apanhar meus cabelos. Descaí. Passamos a atirar as facas, eu atraindo Nhô Augusto pra banda mais limpa do terreiro, pras areias do pé de caju, onde eu podia me movimentar melhor. E ele veio vindo, trocando as pernas, jogando a lâmina, do mesmo jeito que com o Orósio, eu me derreando, ele querendo resolver logo, o movimento forte no braço, a mão ligeira, ô homem liso! Eu caçando um meio de mandar a faca, mas nada, ele firme, me feriu… É aqui esse ferimento do braço, olhe, foi o pior…

Hein? Como foi o fim? Apois ficamos ali, eu mantendo distância, que não era tonta, Nhô Augusto vexado. E aí, quando ele avançou de vez, certo que ia me afundar, me desviei, ele dormiu, eu empurrei a faca no pulmão do peste. Ô coisa! Ele aí perdeu o prumo, soltou um gemido feio, de fera, veio vindo branco pra cima de mim, já querendo desfalecer. Disse:

— Eu não morri, dona, bem pense. Onde já se viu um homem morrer assim? — e o sangue pulando do pulmão, apressando a morte do condenado.

— Apois você já está morto, Nhô Augusto. E foi na faca da Sariema, que tinha perna de manuel-fonseca, uma fina e outra seca!

Nhô Augusto foi descaindo, dobrando as pernas:

— Ui!

E tremeu a boca:

— Sariema…

Mas aí me veio uma raiva. Raiva guardada, antiga:

— Filho de uma égua!

Plantei de novo a faca no peste. Ele deitou de vez. Ficou estirado, a mão no gogó, os olhos parados nas folhas do cajueiro, o sangue ainda fugindo dos músculos, fechando as areias. Eu aí olhei pra mata, pras maracanãs fazendo algazarra nas árvores, e gritei pra todas elas, gritei pra tarde ouvir:

— Não tem mais nenhuma Sariema! Não tem mais, não!

Rinaldo de Fernandes

É escritor e professor de literatura da Universidade Federal da Paraíba. Autor de O perfume de Roberta, entre outros.

Rascunho