Praça da República

Conto de Marcus Vinícius Rodrigues
Ilustração: Ramon Muniz
01/06/2005

Nos seus saltos altos as asas
do pânico então a carregam
(Jean Genet)

Partiu-se o salto no instante que atravessava o baixo Arouche. Ela caiu pela primeira vez. Seu rosto já não cintilava apenas da purpurina da maquiagem. O suor. Não se virou para ver se chegavam. Apenas tirou os sapatos, os saltos altíssimos, e voltou a correr, precisava alcançar a Rua Vieira de Carvalho. Lá haveria pessoas em frente aos bares, estaria protegida. Descalça, podia correr mais rápido. Mas o vestido longo de paetês se enroscava nas pernas e, molhado de suor, ficava mais pesado. Ela subia para a salvação, mas antes de chegar à parte mais iluminada, dois deles lhe interceptaram a fuga. Brancos, carecas, musculosos. Não teve sequer tempo de pensar o quanto eram todos iguais. Impossível saber quantos eram de verdade. Eles se refletiam uns nos outros, imitavam-se, copiavam-se, agiam em conjunto. Difícil saber quem liderava. Moviam-se como um cardume, uma matilha. Ela recuou. Teve de desistir da Vieira de Carvalho, retornou pela Rua do Arouche. Dali à Praça da República tudo deserto. Aos dois juntaram-se outros. O cardume. Ou seria melhor mesmo dizer matilha? Peixes ou lobos? Alcançou a praça. O escuro. Outra queda. Desabou no cimento. Os paetês espalhados, como gotas de água quando se mergulha num lago. A saia do vestido se rasgou. Levantou e novamente correu. Mais livre, com forças vindas não sabia de onde. Podia escapar, ela sabia. Correu para fora da praça, em direção à Rua dos Timbiras. Atravessou a Avenida São João. Atrás dela, eles batiam em portas de lojas, subiam em carros, espantavam quem estava no caminho. Já na rua, um hotel estava iluminado. Ela correu para lá. Entraria e estaria salva. Mas na escada do Hotel Apolo Plaza, a última queda. Não foi o sapato que quebrou, mas o próprio pé direito. Ela não sabia ao certo se quebrara, se torcera. Jamais saberia. Isso já não tinha a menor importância. Debruçada sobre a escada de quatro degraus, passou por seus olhos um relâmpago de memória. Algum filme que vira, a mocinha deitada numa enorme escadaria, o olhar molhado para a tela, a esperança brilhando no final… Uma mão lhe arrancou do sonho e a virou. O vestido multicolorido se rasgara no busto, deixando ver os enchimentos de espuma. Levou um primeiro soco no rosto. Uma mão lhe arrancou a peruca ruiva. Um chute no estômago. Outra mão lhe puxou os cabelos verdadeiros, oferecendo seu rosto para um soco inglês partir o maxilar. A maquiagem já borrada virou uma mancha de cor indistinta, derretendo como se todo o rosto fosse de cera. Todo o corpo passou a ser golpeado de várias formas. Eles eram uma só massa humana sobre ela. Um pedaço de madeira feito de cacetete atingiu os joelhos. Quebrados. Quebrados os braços e uma costela. Outra. A cada golpe o corpo se desfazendo. Os cabelos se soltaram na mão de um deles. O vestido agarrou-se à bota de outro. Cada um deles trazendo do golpe um pedaço dela. Pedaços que se liquefaziam e caíam na calçada. O corpo virava água. O vestido explodia em mil gotas coloridas. A cada golpe, ela respingava longe, como a água de um lago que escapa das pedras que lhe atiram. Sem se dar conta, eles continuavam a bater e bater até que só restou na pequena escada um escorrer de águas coloridas. Sem entender, eles fugiram, cada um para um lado, assustados. Ela havia desaparecido. Nenhum sinal do corpo violado, das roupas rasgadas, dos cabelos. A água escorreu pela calçada, pela sarjeta, desceu a rua lentamente, dobrou a esquina e desapareceu na manhã que nascia.

•••

— Quem é esse Thiago Neves?

Não era uma pergunta. Miguel já sabia a resposta. Pô, Guel, o Thiaguinho é um carinha lá de Brasília, baixista da banda sei lá o quê… e aí vinha uma série de singelas lembranças de adolescência nos anos oitenta. O show daquela banda antes de ter o nome que teve, ou aquela outra que voltou a fazer turnê, os vocalistas morrendo ou se acidentando — ora, cantores de rock morrem, faz parte da cartilha — e um monte de outras bandas estrangeiras anônimas, o cantor que largou a banda desconhecida para fazer carreira solo e ficar mais desconhecido ainda… e Strokes, The The, Junkies Boys, ou será Cowboy Junkies, The Church, Durutti Column, Beach Boys, mais aqueles que conhecia de nome mas não sabia qual era a música e Morrissey, Morrissey, Morrissey, quem agüenta? Havia ainda uma banda baiana chamada Brincando de Deus. O que seria? Axé music religioso?! O tal Thiago não riu da piada, ofendido. Poxa, Miguel, disse Cláudio. O vocalista da banda, o Messias, é meu amigo. Eu te apresentei. Lembra aquele dia com a Állex Leilla? Miguel não lembrava. Também não teve forças para fazer piada com Messias, Jesus Cristo, cabeludos e Rock and Roll. Só lhe interessava a forma como Cláudio tinha lhe chamado: Miguel. De Guel ele foi rebaixado para Miguel. Agora! Vai se chatear por causa de uns baianos que no mínimo cantam uns refrões em yorubá, cheio de vogais! Foi esse o momento do corte, do distanciamento. Quem é Thiago Neves não era uma pergunta. Era um basta, vou embora, você, se quiser, que fique aí lembrado como se limpa toca-fitas. Um algodãozinho molhado em álcool, você passa no cabeçote, com o play ligado. Quem hoje em dia usa toca fitas, meu Deus? Já saía com Cláudio há algum tempo. Podia dizer que namoravam, apesar de ele ser mais velho, ter vivido os tais anos oitenta. Miguel tinha apenas dezessete e mentia dezoito. Um cara mais velho é sempre muito interessante. E Miguel realmente gostava dele. Levantou-se e foi a caminho do banheiro, só para ter aonde ir, fazer uma saída dramática. Para onde iria àquela hora, naquela cidade, sozinho? Sentia-se dependente de Cláudio, do carro para voltar, do abraço, de poder enfrentar o pai e sair à noite, dizer que não tinha namorada… e só, ainda longe de assumir totalmente, mas já gostava de sonhar com o dia de poder dormir a noite toda com Cláudio. Sentia-se dependente do olhar em sua nuca quando andavam pelas ruas, olhos que, agora, se voltavam inteiros para o tal Thiago e suas lembranças, nem uma vez levantaram para procurá-lo pelo bar, sequer notariam que Miguel sairia porta afora. Os próprios olhos tomados pela sensação de escuro que é ser ignorado, de ver e não ser visto. Primeira rejeição que sentia. Já tinha paquerado muito nas festas, mas nunca tinha namorado para depois sentir que perdia. O namorado? O caso? O bofe? Nem sabia ainda como chamar, como se chamar, como ser. E aquelas pessoas na Vieira de Carvalho, caras magros, vestindo preto, roupas justas, ou musculosos, roupas pretas e justas ao corpo, ou travestis, apertando os seios de silicone ou hormônio, ou drags, apertando seios de espuma, distribuindo propaganda de boates, saunas, a festa que ia bombar, com muitos gogo boys, a hostess Absoluta Taylor, a drag, a trava, a bicha do momento, star mor do Arouche e seu show Manhattan Memories, as melhores dublagens de cantoras americanas. Ela é tudo, disse o carinha lânguido, um olhar de noite perdida, enquanto entregava o folder. Perdida foi minha noite, pensou Miguel, enquanto repassava o trajeto que fez até chegar àquele ponto. Não, não pensava em como chegou ao centro de São Paulo, mas em como chegou a achar tão importante a atenção de um cara que nem sabia que existia há algumas semanas, tudo tão rápido. Sem perceber, tinha saído do bar. Estava em plena rua. Só lhe restava sair caminhando. Não podia voltar.

— Oi, bonito!

E o que faria no dia seguinte? Devia ligar? Devia esperar, esquecer, dar por encerrado o namoro? Nem sabia se era um namoro. Tão difícil definir as… as… sei lá, as coisas. As relações, esta a palavra que ele procurava. Tão difícil saber se estava ficando com alguém ou se já era algo mais sério. Difícil saber se devia se sentir assim, como se o mundo desabasse a sua volta. Isso não se ensina na escola. É só vestibular, a profissão, o dinheiro, a segurança. Mas quem garantia o amor? Quem ia dar a certeza da escolha certa? Quem…

— Psiu, ei!

Miguel se virou para aquela voz. Estava na esquina com a Praça da República e lá estava ela, uma drag queen vestida de bailarina. Um chouchou branco, apenas as laterais imitando asas de um pássaro. No tronco, apenas fitas de cetim enroladas, também brancas, meias brancas, uma cabeça típica do balé Lago dos Cisnes. Nos pés, ao invés de sapatilhas, um sapato prateado com altíssimos saltos em forma de espiral, tocando no chão apenas com uma fina ponta. Atrás dela, um pouco afastadas, duas outras drags absolutamente iguais conversavam. Absolutamente iguais. Apenas os saltos dos sapatos eram diferentes. Uma tinha uma lâmina de punhal como salto e a outra um pequeno chifre, como aqueles chifres de unicórnio das histórias.

Como era possível se equilibrar em cima daquilo? Miguel teve tempo de observar bem aquela figura, pois, quando se virou, ela estava ocupada em passos de balé, dobrava os joelhos até embaixo e dizia plié. Depois, esticava as pernas e dava saltinhos, cortando com ambas o ar, cruzando com um movimento brusco uma das pernas, levando-a esticada da frente para trás: ciseaux. Ficou neste movimento algum tempo, plié, ciseaux, plié, ciseaux, até que parou e encarou Miguel com um ar divertido.

— Vai aonde, bonito?

Miguel a olhou mais um pouco, entre divertido e assustado, mas não respondeu. Seguiu o caminho em direção à praça.

— O que foi? O gato comeu sua língua? — Ela foi atrás dele. — Dá pra ir mais devagar? Eu tô de salto. Como é seu nome?

Miguel diminuiu o passo e disse o nome.

— Prazer. Eu sou o Cisne.

— Dá pra ver muito bem que você é um cisne.

— Não, não, queridinho. Eu não sou um cisne. Eu sou O Cisne, tá?

Miguel riu. Disse qualquer coisa pra se despedir e apertou o passo, deixando O Cisne pra trás. Já tinha visto de tudo essa noite. Estava saturado de roqueiros e drags. Só queria ir pra casa, sumir.

— Mas você já vai pra casa? — O Cisne falava em suas costas. — Você não é nem um pouco cavalheiro. Deixar uma dama assim.

— O que é que você quer comigo?

— Pra que lado você vai? Você podia me ajudar. Esses sapatos! Você podia ser meu equilíbrio.

— Pra onde você quer ir? — desistiu Miguel.

— Deixa ver…

O Cisne olhou em torno, cheirando o ar, como se procurasse alguma coisa. Virou-se para Miguel e falou.

— Você tá com uma cara péssima. Brigou com o namorado, foi?

— Eu vou embora! — E saiu andando.

— Ah! Brigou. Por que foi, hein? — Ela saltitava atrás dele.

O Cisne perde o equilíbrio, rodopia e quase cai. Miguel o segura a tempo e o ajuda a sentar num banco.

— Obrigadinho.

Ela tira um dos sapatos. Muito alto, não? Você não sabe como é difícil andar nisso. Tem de ter muito amor à arte… Miguel fica ouvindo O Cisne falar sobre as técnicas para se andar em saltos tão altos. Um misto de malhação e delicadeza. É coisa pra homem, querido. E essa roupa? Sabia que tem umas amarrações embaixo para segurar a saia? Assim ela nem sobe nem desce. Peito eu não uso, não gosto. E o namorado, como ele é? Eu não disse que tinha namorado. Ou disse? Miguel já não sabia mais o que pensar. O Cisne falava tanto e tão rápido. Acabou contando de Cláudio, da briga. Mas houve uma briga? Não, não chegaram a brigar. Talvez ele nem tenha percebido o quanto Miguel tinha ficado chateado. Será que notou que eu fui embora? Queridinho, você é tão fofinho! Todo mundo te nota. Miguel queria achar o mesmo. Mas tinha certeza de que Cláudio não lhe dava tanta importância. E agora estava ali, sentado num banco de praça, conversando com uma drag. Ou pelo menos tentando conversar, porque O Cisne não parava de falar. Agora estava entretido em contar como fazia aquela maquiagem tão carregada, quanto usava de base, batom, a escolha da sombra certa, os cílios postiços. Uma mulher precisa de cílios longos. Dá profundidade ao olhar, meu bem. Também falou das aulas de balé que tomou ali mesmo no centro, duas ruas adiante. Podia ter sido um grande bailarino, mas nem sempre a gente pode se tornar aquilo que se quer. No meio do caminho o destino se atravessa e lhe desvia do objetivo.

E quanto ao menino? Ela queria saber. Fale de você. Falar o quê? Miguel não sabia o que contar da própria vida. Nada além do namoro com Cláudio. A única história que tinha pra contar. Mas com dezessete anos não é muito cedo pra se ter histórias pra contar? Quer dizer, a gente ainda não viveu nada. A gente não sabe nem o que vai ser. Depois dessa noite sabia que não ia ser músico. Ah! Isso era certo mesmo! Quem era essa louca pra fazer uma pergunta dessas.

— O Cisne, eu já disse.

— Eu não lhe perguntei nada.

— Mas pensou. Eu vi quando levantou a sobrancelha direita.

O Cisne esticou o pescoço para o ar, recolocou o sapato, levantou e pegou Miguel pelo braço. Sua voz ganhou um tom de urgência.

— Queridinho, essa não é uma noite pra descobrir o sentido da vida. Deixa isso para amanhã. Vamos. Você me leva até a Rua Aurora?

— Mas eu não vou para aqueles lados. Não quero voltar pela Vieira.

— Por aqui, então.

Puxou Miguel pelo braço e entrou na Rua dos Timbiras. Quando dobraram a esquina, ouviram gritos, o barulho de mãos esmurrando portas de loja, carros, uma algazarra.

— O que é isso?

— Arruaceiros. Vamos por aqui.

Dobraram à direita na São João e voltaram para a Avenida Ipiranga.

— Pra onde você está me levando?

— Vamos subir até a Roosevelt.

De novo em frente à Praça da República, eles pararam. De longe podiam ouvir os rumores do grupo. O que é isso? Miguel não chegou a ver nada. Apenas aceitava o que O Cisne dizia. Uma tribo de carecas, um bando. Vieram para procurar confusão. Talvez não acontecesse nada na Vieira, tanta gente junta. Mas uma bicha sozinha, numa dessas ruas mais desertas, seria o fim.

— Você não imagina como pode ser o fim, querido — murmurou O Cisne, apertando a mão de Miguel.

Miguel pensava em Cláudio. Gostaria de não ter saído do bar, de estar com ele agora. Protegê-lo, ser protegido.

— Queridinho, queridinho. Seu namorado deve estar bem lá dentro do bar. O perigo é pra quem está na rua. No caso, você.

— E você.

— É. E eu.

— Vamos?

— Espera. É melhor a gente entrar aqui.

Entraram pelo calçadão. E dobraram à esquerda. Era a direção contrária da Praça Roosevelt. Outro barulho foi ouvido, na Ipiranga. Seguiam na mesma direção que eles, uma quadra atrasados. Quando passavam nas transversais, podiam ouvir o barulho mais nítido. Assim que desapareciam da transversal, o grupo aparecia do outro lado, na avenida. Duas quadras depois, O Cisne dobrou à esquerda na direção da Ipiranga. Iam em rota de colisão com o grupo.

— Você tá maluco.

— Ssshhiii!

Quando saíram na grande avenida, o grupo tinha entrado na rua anterior e pego o calçadão. Ficaram parados na esquina e ouviram quando o barulho ecoou na travessa, um instante de explosão do som, até desaparecer na esquina. Miguel olhava para O Cisne mais assustado ainda. Dois rapazes passaram correndo e desapareceram do outro lado do jardim.

— Intuição feminina. Gostou? Eles não estavam atrás de nós. Mas se vissem essa exuberância que eu sou, essa fofura que é você, ah, não iam agüentar. Nós estaríamos perdidos. Vamos voltar para o nosso caminho?

Recomeçaram a andar. O cisne se apoiava no menino. O salto, querido. Uma dificuldade andar nessas alturas. Você correu tão bem agora há pouco! A adrenalina, sabe como é? O cisne começou a falar sem parar novamente. Miguel estava completamente desnorteado, a briga com Cláudio, os carecas, uma drag como O cisne, conduzindo ele às cegas pelas ruas da cidade, muita informação de uma vez só. Cláudio, onde ele estaria agora? No bar, ainda?

— Certamente não. Deve estar rodando por aí à sua procura.

Miguel nem percebeu que a drag respondera seu pensamento. Ou talvez tenha percebido, mas já tinha isso como um fato serenado. Estranhamente, aceitou como certa a informação de que Cláudio o procurava.

— Então, vamos sentar aqui neste murinho e esperar — disse a drag.

Estavam na Praça Roosevelt. Miguel queria saber mais sobre O Cisne, mas não teve tempo de perguntar.

— Queridinho, o rapagão aí é o seu Claudinho?

Cláudio estava parado em frente à praça, no carro. Ele sorria um sorriso de pura compreensão. Era como se Miguel já tivesse dito tudo. Um leve esticar de lábios, o sorriso, e toda a compreensão do mundo. O Cisne deu um empurrãozinho em Miguel. Vai. Miguel se virou, queria se despedir. O Cisne apenas balançava levemente a mão, como se o enxotasse. Vai. Ele foi até o carro, a porta se abriu, entrou. Quando Cláudio se virou para a rua, já não viu O Cisne. Procurou em volta. Pensou tê-lo visto entrando numa transversal da Ipiranga. Um vulto branco. Jamais teria certeza.

O Cisne caminhou pelas ruas do calçadão, os passos leves, num ziguezague indefinido até se aproximar do Vale do Anhangabaú. Encontrou uma outra drag vestida de Cisne. Essa tinha uns saltos em forma de sombrinha de frevo fechada.

— Querida!

— Dê cá um cheiro que te dou um beijo!

— Nossa, eu estou morta!

— Noite longa, não?

— Como foi hoje?

— Um mendigo.

— Um garotinho.

Elas conversavam enquanto seguiam em direção ao Vale. As ruas desciam para o grande espaço vazio e elas caminhavam cada vez mais leves. Quanto mais baixas ficavam as ruas, mais flutuavam. Os primeiros raios do sol já tocavam os edifícios mais altos quando elas flutuavam bem alto no meio do Vale. Se alguém estivesse ali, naquela hora, ainda poderia ouvir O Cisne dizer, antes de desaparecer na manhã:

— Eu só queria cinco minutos de paz mundial para retocar a maquiagem.

Marcus Vinícius Rodrigues

Publicou o livro de poesia Pequeno inventário das ausências e mantém uma coluna mensal na revista Verbo 21.

Rascunho