Tradução e seleção: André Caramuru Aubert
Sunday evening
I am telling you a number of half-conditioned ideas
Am repeating myself,
The room has four sides; it is a rectangle,
From window the bridge, the water, the leaves,
Her hat is made of feathers,
My fortune is produced from glass
And I drink to my extinction.
Barges on the river carry apples wrapped in bales,
This morning there was a sombre sunrise,
In the red, in the air, in what is falling through us
We quote several things.
Tarde de domingo
Estou falando a você de algumas ideias meio-formadas
Estou me repetindo,
A sala tem quatro lados; é um retângulo,
Da janela a ponte, a água, as folhas,
O chapéu dela é feito de penas,
Meu destino vem do copo
E brindo à minha extinção.
Barcaças no rio levam maçãs embrulhadas em fardos,
Esta manhã o sol nasceu sombrio,
No vermelho, no ar, naquilo que cai através de nós
Nós citamos muitas coisas.
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History
for Frank O’Hara
Old Thing
We have escaped
from that pale refrigerator
you wrote about
Here
amid the wild woodbine landscapes
wearing a paper hat
I recollect
the idols
in those frozen tubs
secluded by buttresses
when the Church of
Our Lady cried Enough
and we were banished
Sighing
strangers
we are
the last even breath
poets
Yet the funicular
was tied by a rope
it could only cry
looking down
that midnight hill
My lights are
bright
the walk is
irregular
your initials
are carved on the sill.
Mon Ami!
the funicular
has a knife
in its side
Ah allow these nightingales to nurse us
História
para Frank O’Hara
Velharia
Nós escapamos
Daquela geladeira desbotada
da qual você escreveu
Aqui
entre a paisagem selvagem emadeirada
com um chapéu de papel
Me lembro
dos ídolos
naquelas banheiras congeladas
isolados por suportes
quando a Igreja de
Nossa Senhora berrou Basta
E nós fomos banidos
Suspirando
estrangeiros
estamos
o derradeiro suspiro
poetas
E o bonde funicular
estava preso por uma corda
ele poderia apenas chorar
olhando pra baixo
aquela colina à meia-noite
Minhas luzes
brilham
o piso é
irregular
suas iniciais
estão gravadas na soleira.
Mon Ami!
o bonde funicular
tem uma faca
junto a ele
Ah, deixe que esses rouxinóis cuidem de nós
…
Lights of my eyes
Lights of my eyes
my only
they are turning it off
while we’re asleep on this shore
and the thick daffodils
are crying
lights of my eyes
don’t be afraid of me
what we saw
rivers and roads
ruins
the cast of sculpture in winter
They will return your voice
and I’ll go on singing “adieu”
Luzes dos meus olhos
Luzes dos meus olhos
meus únicos
elas estão apagando tudo
enquanto dormimos nesse litoral
e os densos narcisos
berram
luzes dos meus olhos
não tenham medo de mim
o que vimos
rios e caminhos
ruínas
fundir a escultura no inverno
Elas devolverão sua voz
e seguirei cantando “adieu”
…
Poem
Disturbing to have a person
So negative beside you
I dreamed last night
The Mississippi Belle rolled over
We were drowned
I promise to do better.
Look I have a net here
Filled with trout.
Ain’t nothin’ like river trout.
Poema
Perturbador ter alguém
Tão negativo junto a você
Sonhei, noite passada
Que o Mississippi Belle emborcou
E nos afogamos
Prometo fazer melhor.
Vejam, estou aqui com uma rede
Lotada de trutas.
Não há nada como as trutas dos rios.
…
A dawn walk
Who took the tapestry from off the wall?
Who removed the silver lining?
A dawn walk on the tousled hall.
Dissolve the curiosities.
Pierrot of the mountain.
In the Alps of your being there is trust.
Search for the trust.
It may be the Alps of your soul,
young squire who tends the furnace,
who remarks on landscape finery.
Caminhada na aurora
Quem arrancou a tapeçaria da parede?
Quem removeu o lado bom das coisas?
Caminhada na aurora pela sala desarrumada.
Curiosidades dissolvidas.
Pierrot da montanha.
Nos Alpes de seu ser há confiança.
A busca pela confiança.
Pode ser que sejam os Alpes de sua alma,
o jovem escudeiro que cuida da fornalha,
é quem fala da elegância da paisagem.