Lançado em maio de 2005, o primeiro dos seis volumes do Livro das mil e uma noites editado pela Globo, com tradução de Mamede Mustafa Jarouche — a primeiro feita diretamente do árabe para a língua portuguesa —, foi um grande sucesso de público e de crítica. Atingiu a marca de 10 mil exemplares vendidos e já está em sua primeira reimpressão. Além disso, recentemente, a obra ganhou o Prêmio Paulo Rónai de melhor tradução, concedido pela Fundação Biblioteca Nacional. Em dezembro, o livro também foi considerado, pelo júri do Prêmio APCA 2005, da Associação Paulista de Críticos de Arte, como a melhor tradução brasileira do ano passado.
O segundo volume do Livro das mil e uma noites promete seguir carreira semelhante. O novo lançamento completa a tradução que, convencionalmente, a crítica filológica diz provir do ramo sírio, constituído por manuscritos dos séculos 14 ao 18, produzidos na região árabe-asiática do Levante, onde ficam o Líbano, a Síria e a Palestina. Os quatro volumes restantes são originários do ramo egípcio.
O livro traz somente cinco histórias, bastante extensas. Com exceção de uma delas, todas as outras se ramificam em diversas tramas menores, apresentando uma enorme variedade de temas, acontecimentos e cenários. Para a melhor compreensão de seus leitores, o tradutor incluiu 180 notas explicativas, essenciais ao esclarecimento de palavras, passagens prolixas, aspectos históricos relevantes e complementos incorporados de outras edições do clássico anônimo.
Mamede Mustafa Jarouche tem 42 anos e é professor de língua e literatura árabes na USP, onde se doutorou em Letras. Já estudou e trabalhou em países como Arábia Saudita, Iraque e Líbia, e pós-doutorou-se no Egito. Dos muitos textos árabes que traduziu, destacam-se As cento e uma noites: histórias árabes da Tunísia e o Livro de Kalila e Dimna. Sobre seu trabalho, já disse o escritor e crítico Marco Lucchesi, na Folha de S. Paulo: “A tradução de Jarouche é um triunfo sobre um terreno devastado por preconceitos que se repetem ad nauseam em não sei quantos manuais de história da literatura e da filosofia”.