Poeta até o embigo

Entrevista com Vasco Graça Moura, um dos mais importantes poetas portugueses da atualidade
Vasco Graça Moura, autor de “Modo mudando”
01/12/2006

Vasco Graça Moura é um dos nomes mais importantes da poesia contemporânea de Portugal. Nasceu na Foz do Douro, no Porto, em 1942. Formado em Direito pela Universidade de Lisboa, exerceu diversos cargos públicos, como secretário de Estado da Segurança Social do IV Governo Provisório e secretário de Estado dos Retornados do VI Governo Provisório. Em 1978, passou à Imprensa Nacional — Casa da Moeda, respondendo por sua área editorial até 1988. Entre 1988 e 1995, foi presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. Atualmente é deputado do Parlamento Europeu.

É autor de uma vasta obra que abrange poesia, ensaio, romance, teatro e tradução. Traduziu A divina comédia, os sonetos de Shakespeare, Rilke, Seamus Heaney. São mais de 60 obras, trajetória que começou em 1963, com a publicação do primeiro livro de poemas, Modo mudando, e a seguir O mês de dezembro e outros poemas, em 1976 e A sombras das figuras, de 1985. Destacam-se ainda Os últimos cantos de amor, O concerto campestre, Sonetos familiares, Uma carta no inverno e Poemas com pessoas. Há ainda ensaios como Luis de Camões: alguns desafios (1980), Camões e a divina proporção (1985) e Sobre Camões, Gândavo e outras personagens (2000), e vários romances, entre eles Quatro últimas canções (1987), A morte de ninguém (1998), Meu amor, era de noite (2001) e Enigma de Zulmira (2002). Tem poemas traduzidos em vários idiomas. É membro efetivo da Academie Européenne de Poésie, em Luxemburgo.

No prefácio que escreveu para sua Antologia dos sessenta anos (2002), observa que o poema pode ser a expressão do terrível lugar onde solidão e paixão, alegria e desalento, amor e morte, cheio e vazio se entrechocam através da experiência fulgurante da palavra. “Essa luz verbal ilumina violentamente a opacidade da existência, abala os fundamentos do ser, devassa os liminares da razão e da loucura, rasga horizontes de ansiedade como se fosse ainda e sempre susceptível de reconciliar o ser humano e uma tão pressentida quanto inatingida harmonia e plenitude do mundo. Esse o seu risco temerário e incessante, no confronto do espanto inaugural do Verbo com a amargura, o silêncio e o emudecimento para que tendem os seres e as coisas”, diz Graça Moura.

Para ele, as palavras estão presas no real. Explica: “Não há praticamente nenhuma poesia, nenhuma literatura, que sobreviva se não houver uma especial coerência entre elas e a realidade. Talvez o mesmo se possa dizer em relação a todas as outras artes, sendo certo que, na música, estas coisas põem em termos qualitativamente diferentes. Estas coisas para mim põem-me em termos de uma extrema simplicidade, sem altos vôos filosóficos, nem plano prático e corrente dos significados. É claro que a espessura do real é múltipla: tanto inclui o onírico como o pensamento abstrato”.

Vasco Graça Moura defende que “o escritor é um ser humano que utiliza as palavras com um certo nível de exigência qualitativa. Capturar o real, mesmo que seja para fazê-lo ‘inflectir’, é um dos seus objetivos. É provável que o cinema e a fotografia tenham contribuído para acentuar essa necessidade. Não penso que se trate de um vício, mas de uma condição inelutável. A literatura é uma forma de criação artística pela palavra, mesmo quando tenta convocar outras áreas”.

Nesta entrevista ao Rascunho, Vasco Graça Moura fala, entre outros assuntos, sobre poesia, tradução, língua portuguesa e sua paixão por João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond de Andrade.

• Sempre que chego a Portugal vem-me à cabeça a idéia de que estou chegando mais perto da poesia. Claro que há nisso, creio, uma imagem, digamos, romântica das coisas. Estou exagerando? Portugal é mesmo uma terra de poetas e da poesia?
Penso que há qualquer coisa de clichê em dizer-se que Portugal é um país de poetas. Considerando as figuras verdadeiramente grandes, uma língua que tem prosadores como Fernão Lopes, Bernardim Ribeiro, João de Barros, Francisco Manuel de Melo, Bernardes, Vieira, Matias Aires, Garrett, Herculano, Camilo, Eça e Aquilino, talvez não tenha assim tantos poetas mais de gabarito correspondente: D. Dinis, Sá de Miranda, Ferreira, Camões, Garrett, Cesário Verde, Antero, Nobre, Pessanha, Pessoa, Nemésio, Jorge de Sena… Só fiz as contas depois de ter escrito estes nomes que me iam ocorrendo e a proporção é semelhante. É certo que podemos acrescentar Tolentino e Bocage, mas serão eles verdadeiramente grandes? E a poesia em língua portuguesa, sem alguns brasileiros como Bandeira, Drummond (tão grande quanto Pessoa) ou João Cabral, não ficará privada de uma dimensão essencial? Resumindo: Portugal, como país de poetas, é, em minha opinião, um conceito muito discutível se considerarmos os níveis de qualidade, pelo menos até a primeira metade do século 20.

• Qual é o papel da poesia e do poeta neste mundo conturbado em que estamos todos metidos?
Não acredito muito na vocação da poesia para transformar o mundo. Acredito na poesia como exercício pessoal e transmissível, como qualquer outra forma de arte, que exprime e problematiza a condição humana por meios que relevam da estética (e não propriamente da filosofia, da ciência ou de outra qualquer disciplina semelhante) e que implica uma oficina específica por parte do autor (tal como as restantes artes). Acredito também que cada um segue o caminho que entender, mesmo que completamente diverso deste. O juízo relativo à qualidade, que só a filtragem do tempo e das práticas sociais sedimentadas acaba por fixar, é um momento posterior ao da produção.

• Você é poeta, romancista, tradutor, ensaísta. Enfim, percorre praticamente todos os gêneros possíveis na literatura. O que melhor lhe cabe, o que mais explica sua arte de escrever e lidar com as palavras?
Aí, e sem qualquer espécie de ironia, direi que é aquilo que estou a fazer em determinado momento. Se tudo quanto fiz até aí possivelmente está também presente, de uma maneira ou de outra, aquilo em que eu estiver concentrado é o que, nessa fase concreta, me explica melhor e se me adequa mais…

• Você tem um poema que se tornou bastante conhecido também no Brasil. Refiro-me a Lamento para a língua portuguesa, no qual, no primeiro verso, você afirma: “não é mais do que as outras, mas és nossa, e crescemos em ti”. Partindo desse primeiro verso, peço que discorra sobre a língua portuguesa que para muitos poetas significa a pátria. 
A língua tem uma grande associação àquilo que designamos por identidade coletiva. Essa associação não pode resultar numa entidade ou instrumento estanque, mas, entidade ou instrumento, aí se reflete, como diria o George Steiner, uma visão do mundo, uma Weltanschauung, sem a qual cada um de nós não pode pensar o mundo que o rodeia nem reagir quanto a ele. Do léxico à gramática e à fonética, há assim aspectos essenciais a preservar numa língua, sedimentados por uma prática multisecular e testemunhados principalmente pelos grandes autores que escreveram nela. De resto, não pode haver nestas coisas qualquer espécie de “chauvinismo”: a identidade brasileira também se forjou na língua portuguesa e tem especificidades que nela se foram refletindo e ainda bem! Uma das razões por que sou a favor da novela brasileira na televisão portuguesa é a de ela nos pôr diariamente em contato com valores fonéticos que nós estamos a perder. O português de Portugal está num processo de ensurdecimento das vogais e de autofagia das sílabas. O do Brasil não conhece essas perversões, embora possivelmente conheça outras. O meu poema reagia explicitamente contra o abastardamento a que, pelo menos em Portugal, vemos a língua ser submetida a cada dia que passa. Uma vez, em Moçambique, há mais de vinte anos, durante uma visita presidencial de cuja comitiva eu fazia parte, e já depois da independência, vi um alto responsável mandar para trás um folheto que ia ser distribuído numa das cerimônias, porque tinha “erros de português”. Achei isso extraordinário, por revelar um cuidado com a língua (que ainda por cima, em Moçambique, é uma língua veicular) que é pouco habitual entre nós… Dizer que a língua é a pátria, para mim, como escritor, é uma afirmação desprovida de sentido político estrito. Seria antes a mátria, aquilo que nos “dá à luz” e nos permite a expressão. Mas não hierarquizo essa expressão, nem a língua em que se processa em termos do gênero “a minha língua é superior à tua”. O que, no tocante aos sentimentos de pátria e mesmo às próprias pátrias, também seria um absurdo…

• O que são esses valores fonéticos que nós estamos a perder, como você diz. Você acredita mesmo que o português do Brasil não conhece as perversões a que você se refere?
Em Portugal, as consoantes estão a ensurdecer e, além disso, comemos parte das sílabas de cada palavra… A Sophia de Mello Breyner Andresen disse-me um dia que as pessoas bem educadas não comem as sílabas. É verdade em princípio. Mas o pior é que toda a gente o faz. Repare, num verso como este, de Camões: “Que me quereis perpétuas saudades”. Lido à maneira de cá, sai qualquer coisa como: “Que me qu’reis perpétuas saudades”, isto é, o decassílabo torna-se um octossílabo. Lido à maneira brasileira, todas as sílabas são devidamente pronunciadas. Todos os estrangeiros que conheço e se interessam pela nossa língua me dizem a mesma coisa: que conseguem perceber o português do Brasil muito melhor do que o de Portugal. A explicação é essa, a meu ver: vogais abertas, sílabas completamente pronunciadas, o que dá uma clareza muito maior ao que se diz. Acredito que no Brasil haja outras perversões na maneira de falar. Mas estas, pelo menos, creio que não…

• Ainda dentro desse assunto e quanto às novelas brasileiras, você não vê nisso uma espécie de invasão, levando a Portugal maneirismos que na verdade não refletem, de fato, a vida brasileira, aquela vida que não se restringe somente ao Rio de Janeiro, especialmente, onde, segundo as novelas, tudo é brilho, uma espécie de um país feliz em tudo que faz?
Sim, há uma invasão, até uma verdadeira uma saturação, e acredito que, nem de perto nem de longe, as novelas espelhem a vida brasileira. Mas põem-nos em contato com uma maneira diferente e importante de pronunciar a nossa língua e com aspectos lexicais muito variados. É só esse aspecto que me interessa salientar. Em Portugal, de resto, a voga das novelas brasileiras, que remonta aí a 1977, teve outros efeitos: levou vários ficcionistas a procurarem contar histórias com princípio, meio e fim, coisa de que estava insuportavelmente “esquecida” devido às influências francesas mais em moda (école du regard, estruturalismo, etc.) e estimulou a produção portuguesa de novelas (creio que bastante más, de resto, mas isso representou um esforço importante para a indústria televisiva), o que, por sua vez, provavelmente revelou novos atores com certa qualidade.

• O que de fato se sabe da poesia brasileira em Portugal? Quais são os poetas brasileiros mais comentados em Portugal? A poesia brasileira merece respeito de alguém?
Sabe-se pouquíssimo, mesmo a respeito de poetas que devia ser “pecado” desconhecer. Nos meios literários, é claro que se conhecem autores como Bandeira, Drummond, Cecília, João Cabral, Ferreira Gullar. Mas pouco mais. Isso, apesar de, em princípios dos anos 60, o meu amigo Alberto da Costa e Silva ter publicado uma importantíssima antologia, de distribuição gratuita, divulgando a nova poesia brasileira. Também reconheço que quase todos os grandes poetas brasileiros que eu admiro já morreram. Mas, dos mais recentes, quase não conheço ninguém. Mea culpa…

Vasco Graça Moura

• E que existe de novo em Portugal em relação à poesia?
Sou naturalmente suspeito… Mas penso que em Portugal há algumas vozes muito interessantes das novas gerações. Hoje, creio que não há, ou quase não há, entre nós, vanguardas concretistas, afins ou semelhantes, pois os nomes mais importantes nessas áreas, como Ana Hatherly, Alberto Pimenta e Melo e Castro, pertencem a uma geração anterior. Diria antes que o investimento da nova poesia que eu considero mais interessante procura novas modalidades de uma relação da palavra poética com o real, quer por uma espécie de perseguição metafísica em que as relações postas a nu entre o verbo e a ontologia são fascinantes, como em José Tolentino de Mendonça, quer por uma escrita que se quer inteiramente despojada de efeitos “poéticos” tradicionais, como em Manuel de Freitas. São vozes que vêm a afirmar-se com grande segurança.

• Como é a crítica literária em Portugal? Os suplementos literários? Há democracia nesse setor do jornalismo cultural?
Há uma crítica universitária competente e, em alguns jornais (Público, Expresso, Diário de Notícias, Jornal de Letras…), também temos boas páginas de crítica. Por vezes são polêmicas, mas isso é saudável. Quanto à democracia, depende do que entendermos: as páginas a que me refiro têm uma certa exigência qualitativa, de maneira que a escolha dos críticos, para quem não seja contemplado, talvez seja considerada menos democrática. Em todo o caso, eu acho que é melhor assim.

• No Brasil, de alguns anos para cá, decretou-se que um poema não pode ter qualquer emoção, a começar por João Cabral de Melo Neto. Os tecnocratas da poesia brasileira dizem isso e isso é uma espécie de lei. O poema há de ser frio. É proibido sentir. Isso é um crime. É aquela coisa tecnocrata mesmo. São poetas técnicos. Existe isso em Portugal?
Conheci pessoalmente João Cabral que é um dos poetas de língua portuguesa que mais admiro. Creio que ele, como eu, de resto, atribuía grande importância à técnica. O poema não é feito com inspiração, mas com transpiração, com oficina. Isso não o impede de exprimir uma gama emotiva, ou de se abrir a que a vejam nele, e muito menos de ter uma “estratégia” para chegar a isso. Mas ela foi pensada, mais do que vivida no ato de “saltar” para dentro do poema… Não creio que seja proibido sentir. O que é recomendável é que não se faça poesia a partir do simples sentimento, sem mais… Não é propriamente por exprimir sentimentos que o poema é bom. O poema é bom se permite que, ao lê-lo, encontremos nele o efeito correspondente à expressão dos sentimentos e a uma qualquer identificação nossa com eles. Os bons poetas portugueses, mesmo que não partilhem desta concepção, atingiram um bom nível de conseguimento técnico, ou não seriam bons poetas… Claro que tudo isto é muito esquemático e dificilmente haverá situações “puras”.

• Gostaria que você falasse sobre seu trabalho de tradutor.
Só me dedico à tradução de poesia. Traduzi as Cartas a um jovem poeta, de Rilke, mas essa foi uma exceção. Concebo a tradução como uma espécie de fotografia a preto-e-branco de um texto poético noutra língua. O resultado, na língua de chegada, deve ser o mais “reconhecível” que for possível, embora não possa nunca ser igual ao original. Por isso, tento manter todas as características formais do texto a traduzir (ritmo, metro, rima, estrutura estrófica, etc., etc.).

• O que representou o Nobel de Literatura a José Saramago para a língua portuguesa e para a literatura de Portugal?
Foi certamente muito importante, quer como consagração do próprio Saramago, quer como chamada de atenção para a nossa língua e a nossa literatura.

• Eu costumo dizer, por exemplo, que Jorge Amado poderia ter sido agraciado com Nobel. Bastava escrever em espanhol. Isso serve também para o Carlos Drummond de Andrade.
Os tempos deles eram outros. Um ficcionista tem mais facilidade em se impor do que um poeta. Penso, no entanto, que Drummond teria sido uma designação óbvia para a Academia Nobel. Não se percebe porque não recebeu o prêmio. Mas há outros casos. Veja, por exemplo, o de Jorge de Sena, o de João Cabral, ou o do argentino Jorge Luis Borges.

• Os poetas brasileiros da Geração 60, especialmente de São Paulo, tinham alguns nomes sagrados na poesia. Um deles, talvez o maior, era Fernando Pessoa, ao lado de Rilke. Como é que os poetas mais jovens portugueses vêem a poesia de Pessoa hoje?
Eu não tenho nenhum interesse especial por Pessoa. Considero-o um grande poeta que não me diz quase nada, embora me tenha influenciado, como a toda a gente… No meu caso, foi sobretudo Álvaro de Campos. Quanto aos jovens poetas, confesso que não faço a mínima idéia…

• E um Eugênio de Andrade, por exemplo, para citar apenas um nome?
Eugênio teve dois aspectos fundamentais, que ainda hoje são valorizados: o da expressão sensorial e sensual trazida à poesia com uma grande franqueza através de uma gama de metáforas de grande qualidade e o do trabalho incessante sobre os poemas, que foi revendo, emendando e retocando ao longo de toda a vida.

• Como foi o começo de sua vida na poesia?
Comecei muito cedo. Publiquei o primeiro livro, Modo mudando, em 1963. Durante anos, praticamente só publiquei poesia. Depois passei à crítica e ao ensaio. Depois à ficção. E por fim à tradução de poesia. Nunca tive grande pressa em publicar e, sobretudo nos primeiros livros, revi e rasurei, revi e rasurei, revi e rasurei… e fui reescrevendo.

• Vejo grande relação entre a música e a poesia em Portugal, especialmente no que diz respeito ao fado, com letras que são verdadeiros poemas assinadas por poetas, pelo menos nos fados mais antigos. Aliás, existem muitos fados com letras suas. Há o Fado da Adica, de Rodrigo de Melo e Armandinho, cantado pela Amália, que diz: “Não é fadista quem quer, só é fadista quem calha”. E ainda: “Como se nasce poeta, também se nasce fadista”. É assim mesmo?
Escrevi algumas dezenas de letras de fado, das quais há uma série que se encontram cantadas e gravadas: Carlos do Carmo, António Pinto Basto, Mísia, Cristina Branco, Mariza, Ana Sofia Varela, têm cantado letras minhas. Sem que isto signifique menosprezar o grande fado popular anterior a Amália Rodrigues, acho que o fado ganhou muito, desde que ela começou a cantar Camões e outros poetas, em princípios dos anos 60. E hoje, a nova geração de fadistas tem uma informação muito completa e “em tempo real” sobre o que se faz em todo o mundo na área da música. Por outro lado, tem uma educação muito mais sofisticada do que os fadistas de antigamente. Admito que mesmo não “nascendo” fadista, alguém se venha a tornar fadista. O problema é menos genético do que cultural, em minha opinião. Mas há um aspecto que, hoje, é cada vez mais decisivo: o da voz. Enquanto, antigamente, a voz podia não ser um fator essencial em certos casos, por exemplo o de Alfredo Marceneiro, hoje em dia uma boa voz é um fator absolutamente determinante. E por muito que a voz possa ser educada, há certamente alguns aspectos dela que nascem com o seu possuidor…

• Por fim: é possível a Vasco Graça Moura traçar um perfil de Vasco Graça Moura?
Faço minha divisa a caracterização que, em finais do século 16, Diogo de Sousa fez de Sá de Miranda nas suas Cortes do Parnaso: “Poeta até o embigo; os baixos, prosa”.

Alvaro Alves de Faria

É escritor.

Rascunho