Pode-se definir Maria Dusá, de Lindolfo Rocha, como um romance no qual certa ótima idéia é constrangida pela linguagem claudicante. No afã de apresentar múltiplos pormenores, incluindo-se as características climáticas e sociológicas da Chapada Diamantina, região em que a maior parte do enredo transcorre, o autor não se satisfaz com escrever uma boa história, mas perde-se em trechos retóricos ou de teor ensaístico. O próprio subtítulo de Maria Dusá, suprimido nas edições contemporâneas, revela parte da intenção do autor: Garimpeiros (romance de costumes sertanejos e chapadistas).
Logo na abertura do Capítulo 3, de maneira a reforçar a descrição da seca de 1860, cujas conseqüências foram perfeitamente expostas no início do livro — não por meio de digressões cansativas, mas de fatos dramáticos, sobre os quais falaremos adiante —, o narrador insiste:
Nesse ano de tristíssimas recordações a zona ubertosa do interior da província da Bahia transformou-se em terra sáfara, imprestável; de nutriz fecunda e dadivosa, que era, mudou-se em madrasta irritadiça e ilacrimável; de liberal e opulenta, em mendicante e miseranda.
Em grandes extensões de terreno não se vislumbrava sinal de clorofila senão no Icó, a planta que resiste a todas as secas, e nas diversas espécies de cactos, entre as quais sobressaíam o mandacaru, a palmatória e o xiquexique formando este sempre e em grande cópia os grandes e bizarros candelabros de Humboldt.
Poucos parágrafos à frente, do relatório climático passamos à verborragia sentimentalóide:
Nas estradas, de espaço a espaço, encontravam-se quadros vivos da mais completa consternação. Aqui, um velho, cercado de filhos e netos famintos, num cirro interminável de durar dias e dias; ali, um desventurado pedindo pelo amor de Deus um punhado de farinha para que o filho pudesse morrer; adiante a figura esquelética doutra mater dolorosa, na última agonia, deixando que o filhinho lhe sugasse a derradeira gota de leite sanguinoso; além, orlando a estrada, arranchamentos provisórios, retirantes famintos, movendo-se lentamente, em busca d’água ou de raízes, extremamente magros, cheios de escaras, de doenças, de achaques, ou aniquilados de anemia profunda, e dentre os quais partiam gritos que aterravam, gemidos que cortavam o coração, e, de envolta com esses, imprecações dos desesperados, pragas dos cínicos, gargalhadas dos desalmados, choro de crianças, tudo isso lembrando alguma coisa daquele choro e ranger de dentes do Juízo Final.
A imperiosa necessidade que o autor se impõe, de desenhar um retrato social, quebra, em inúmeros trechos, a espontaneidade da narrativa. Assim, por exemplo, nada acrescenta à trama a notícia, no início do Capítulo 5, de que Mucujê chama-se, desde 1847, Vila de Santa Isabel. Ou a informação, no mesmo capítulo, de que certo personagem, anos depois, teria um filho governador do Estado. Ao descrever as conseqüências do tiro dado contra um arruaceiro, o narrador torna-se perito em anatomia: “Apenas quatro caroços de chumbo empregaram-se na omoplata direita, interessando somente o tecido celular subcutâneo”. Da mesma forma, no Capítulo 6, assume a personalidade de um topógrafo e fala sobre as “anfractuosidades do terreno”. Mais à frente, no Capítulo 7, a fim de detalhar o sentimento de saudade, transforma-se em psicólogo, explicando como, “por um fenômeno de autopersuasão, mui freqüente nas pessoas predispostas ao histerismo, a gratidão […] transformava-se em benquerer”. Na seqüência, uma personagem não sente fome, mas procura “não sucumbir à dor que lhe torturava a principal fonte de renovação da vida animal”. Suposto bioquímico, o narrador nos explica também os efeitos do “clorureto de sódio em organismos desacostumados e enfraquecidos”. Ainda preso a teses naturalistas, justifica, utilizando-se de um biologismo rasteiro, a independência financeira que algumas prostitutas conquistavam à época:
Na Chapada Nova, como na Chapada Velha, era coisa vulgar verem-se mulheres de vida livre, no auge da influência, transformadas repentinamente em negociantes, capitalistas, garimpeiras, hoteleiras, e até alquiladoras, abandonando dessarte, sem confissão nem penitência a poliandria do tom. Era isso efeito de intuitiva previdência, reunida ao instinto monogâmico, ou da conservação da espécie, que mui alto fala, exatamente entre as mais baixas classes dos sertões brasileiros.
Não satisfeito, o narrador assume papel de geólogo, fornecendo, no Capítulo 19, longa e fastidiosa explicação sobre o processo de formação do diamante, bem como das técnicas de garimpagem.
Quanto à maldita retórica, renasce sempre. Recurso nefasto, pronto a poluir e desequilibrar a narrativa, como neste trecho:
Águas e serras! Que filho, que habitante destas regiões criadoras do “diamante e do gênio”, não sentiu alguma vez toda a grandiosa poesia dessas paisagens alpestres, que, se desnutrem ambições evangélicas, de pobreza e santidade, tonificam o caráter para as mais rudes conquistas da vida!
Águas e serras! Que desventurado, ausente, ou que feliz, mas ao entardecer da existência, não rememora saudoso os dias idos, de sonhadora contemplação das altas serranias, que dilaceram as nuvens com o itacolumito de seus visos, ouvindo o escachoar das águas límpidas, por entre as arestas do granito de seus flancos!
Águas e serras! Que filho ou ádvena não traz de memória o selo de grandeza dessas altanadas serras, e o cunho fisiológico dessas águas salubérrimas!
Suportamos parágrafos assim, de arrebatamento meloso, apenas para nos deparar, no Capítulo 39, com outros, ainda piores, aos quais acrescenta-se patriotismo avassalador.
Contar ou mostrar
Penso que uma das grandes dificuldades de Lindolfo Rocha é a de efetivamente crer na sua capacidade de narrar. Durante toda a leitura, lembrei-me do sábio conselho de Anton Tchékhov: “Não me diga que a lua está brilhando; mostre-me o brilho da luz num copo quebrado”. Chega a ser dramático perceber como o autor cumpre perfeitamente a recomendação do escritor russo, caindo, logo a seguir, no erro apontado na primeira parte da citação.
Vejamos um exemplo da insegurança de Lindolfo Rocha. No início da história, na Fazenda Lagoa Seca, devastada pela estiagem prolongada, encontramos a família de Raimundo e Maria Rosa Alves, destruída também por “incurável preguiça”. A desolação do cenário impressiona — e o narrador nos fornece detalhes iluminadores da pobreza, como o das filhas do casal, que utilizam, na confecção das rendas de bilro, não alfinetes, mas espinhos de mandacaru. Quando chega a inesperada tropa, sob o comando de Ricardo Brandão, temos a cena de terrível aviltamento, em que a velha Maria Rosa não só desnuda as filhas diante do tropeiro, a fim de ressaltar sua pobreza, como as oferece em troca de um celamim de sal. A reação de Ricardo expressa toda a sua personalidade: circunspecto, ele analisa o quadro jamais imaginado; aceita comprar a filha mais velha, Maria; entrega aos pais não só sal, mas toucinho e carne; e aproxima-se da jovem:
— Não chore, não, moça; seus pais venderam a filha, mas a filha não foi comprada: fica aí, com eles; somente lembre-se que o mineiro se chama Ricardo Brandão. Aqui está mais uma lembrança, que eu destinava a uma irmã.
E assim dizendo, tirou da escarcela uma pequena medalha de prata e a entregou com mão trêmula.
Ora, a configuração ética do personagem está dada. Quando o jovem monta seu cavalo, já não é um tropeiro qualquer, mas um herói, verdadeiro ginete do sertão. A luz brilhou no copo quebrado. Lindolfo Rocha conseguiu o que todo escritor deseja: mostrar algo — e não apenas contá-lo. Qualquer outra informação que possa ser adicionada deve cumprir, a partir desse ponto, duas funções: reafirmar tais virtudes ou, a fim de desenvolver a trama, negá-las, momentaneamente ou não.
O problema é que nosso autor parece, muitas vezes, não ter consciência da técnica que utiliza. Assemelha-se a um intuitivo cujos acertos nascem do acaso. Assim, ao longo do texto, Lindolfo Rocha sente-se obrigado a ressaltar as qualidades e defeitos de Ricardo, às vezes por meio de novos fatos, bem narrados, mas, desgraçadamente, repetindo, em inúmeros trechos, que “a lua está brilhando”. Perde-se, então, nos insistentes adjetivos ou nas longas, enfadonhas digressões.
Artimanhas e personagens
Todavia, é inacreditável que tal somatório de truculências textuais não consiga destruir Maria Dusá. E se a obra ainda é legível, deve isso, em parte, ao enredo nem um pouco esquemático.
A imagem de Maria permanecerá, na mente de Ricardo, como a da mulher idealizada. Depois de fugir da perseguição policial, devido ao tiro que poderia ter matado um arruaceiro, Ricardo volta a Minas Gerais, para vender a tropa e rever a mãe. Ao mesmo tempo, morrem Raimundo, Maria Rosa e o único filho homem. Decidida a encontrar o tropeiro, cansada da pobreza, Maria foge para a Chapada Diamantina. Na fuga, inocente, une-se a um grupo de meretrizes. Recusando-se a se prostituir, acaba sendo protegida, em Mucugê, por D.ª Rosária. Aprende a ler e escrever; e começa a fazer flores artesanais. Ricardo, que sonha com os diamantes, volta à Bahia, acompanhado de um fiel tropeiro, João Felipe, e de um cão, Amigo, que desempenha papel importante na história. Ao chegar a Xiquexique, é hospedado por um sertanejo, que a princípio não reconhece, a quem matara a fome depois de abandonar Lagoa Seca. Os dois saem, certa noite, e são atraídos pela festa que se realiza na casa de uma famosa prostituta, Maria Dusá. Quando Ricardo vê a mulher, acredita ser a Maria que se recusara a comprar, tamanha a semelhança entre as duas. Invade a casa e, para sua surpresa, é ridicularizado pela mulher e seus convidados. Pari passu, D.ª Rosária e Maria, pressionadas por mexericos, já haviam se transferido também para Xiquexique; e, certa noite, durante uma novena, Maria vê Ricardo na igreja. Tímida, pede que sua protetora fale com ele. Contudo, quando a mulher se aproxima, a confusão está formada: Ricardo acredita que Maria Dusá é Maria — e vê em D.ª Rosária a portadora do recado de uma pessoa ingrata, que, esquecida do passado recente, agora o humilha. Com seu insultuoso revide, o protagonista afasta de si, sem saber, a Maria com que ainda sonha. Por outro lado, Dusá não consegue tirar o mineiro voluntarioso de seus pensamentos. A partir daí, os destinos dessas três pessoas se entrecruzarão cada vez mais. Ricardo progride com os diamantes, mas logo conhece a ruína, embriagado pelo dinheiro fácil, por falsos amigos e prostitutas. Dusá toma consciência do vazio de sua vida e decide mudá-la radicalmente. Instigada por sua semelhança com outra mulher — fato que, gradativamente, torna-se público —, aproxima-se de Maria e coloca-a sob sua proteção. Da mesma forma que, a princípio sem o conhecimento do garimpeiro, ajuda Ricardo em seus reveses.
A trama também ganha complexidade graças ao recurso de retardar o esclarecimento de dúvidas e confusões. No Capítulo 10, a estranheza de Ricardo em relação à forma exageradamente atenciosa com que é tratado por seu anfitrião contamina o leitor, e passamos a desconfiar do personagem. Só parágrafos à frente descobrimos, junto com Ricardo, que se trata do sertanejo a quem dera de comer capítulos antes.
A mesma técnica de retardamento é utilizada depois que Ricardo invade a casa de Maria Dusá, certo de ter sob os olhos a sua Maria. Somos iludidos por várias páginas. O leitor acredita que o narrador exagera e não sabe concatenar os fatos à passagem do tempo. No entanto, o que parecia uma falha — responsável por transformar Maria, de maneira assaz rápida, numa prostituta famosa — torna-se efeito elogiável, sedutora artimanha.
O romance apresenta outras características relevantes. Há maravilhoso grupo de personagens secundários, para os quais o autor construiu cenas antológicas. Veja-se, no Capítulo 21, o trecho em que Antônio Roxo — honesto, fiel a Maria Dusá, sonhador inveterado — vinga sua amiga e patroa, submetendo o malevolente Aristo Alfaiate a sábia punição, obrigando-o a comer o pasquim anônimo que publicara para caluniar Dusá. Ao final, um elemento inesperado completa a vingança:
Em poucos minutos tinha engolido todo o pasquim. No último, Antônio voltou ao tom zombeteiro, e ria.
— Agora, sim, disse ele, podemos ser camaradas. Com essa cura você ainda pode fazer boa figura na sociedade, porque inteligência tem. Assim não lhe dê ela pra aperrear os outros… Sim, já comeu tudo… agora só bebendo um pouquinho do azeite da candeia, que eu acho que papel comido assim, faz um mal danado à barriga da gente.
E assim falando, procurava uma vasilha para tirar azeite.
— Tira aqui, Manuel Pedro.
O camarada assomou à porta.
[…]
Manuel Pedro apanhou uma xícara na saleta que servia de cozinha e trouxe.
— Ah! Sô Antônio! O azeite da candeia está quente! olhe ali no canto uma garrafa!
— Como é sabido! chasqueou o garimpeiro. Não gosta de azeite quente pela boca! Porém no inferno você há de tomar fervendo por outros lugares!
A garrafa estava cheia de azeite de mamona, retinto; o garimpeiro encheu a xícara, e o Alfaiate bebeu-a de um fôlego.
— Bem, agora estamos de pazes. Adeusinho, e queira-me bem que não custa dinheiro, disse Antônio, saindo adiante do camarada.
O alfaiate chorava debruçado sobre a mesa do quarto.
Pela porta da rua, que ficara aberta, entrou apressado um vulto de mulher. Na porta do quarto, apostrofou:
— Mas isso é que é miséria no mundo! Toma estas saias e dá cá essas calças, peste!
Disse e fez meia volta, retirando-se. Era a vizinha predileta do Aristo.
Outro personagem cativante é Amigo, perdigueiro que não tem os dotes quase humanos da cachorra Baleia, mas cujas inteligência e afeição pelo dono empolgam, enternecem. Ocupa papel crucial na terrível luta do Capítulo 23, ao defender Ricardo de seus captores. O trecho, aliás, termina com duas cenas de grande humanidade: o divertido diálogo entre o inspetor de polícia e sua esposa, quando esta o censura pela covardia; e o encontro de dois apenados com um terceiro, que fora atacado por Amigo e morria: os personagens demonstram ternura pelo agonizante, cumprem as ordens do inspetor, de se desfazer dos outros corpos, e ainda têm a esperteza de fugir.
Humor, perfeito coloquialismo, respeito, benevolência e maternal fidelidade estão presentes em todos os diálogos que Dusá mantém com Rita, a escrava à qual, no fim da trama, dará carta de alforria. Mas é uma pena que o narrador mostre-se vacilante em sua maneira de retratar as mulheres: ao mesmo tempo que compõe Dusá, protagonista capaz de altruísmo e autoconhecimento, às vezes assume certa posição preconceituosa, como no Capítulo 14, em que generaliza, acusando todas de serem supersticiosas.
Doppelgänger
É curioso que parcela da crítica insista em permanecer cega às qualidades de Maria Dusá. Alfredo Bosi restringe-se a recomendar sua leitura, não sem alguma ironia, aos “críticos que, por gosto ou convicção doutrinária, amam a projeção romanesca do trabalho humano, com toda a fadiga e a esperança que implica”. Massaud Moisés explicita, em duas páginas, o que define como “luz dissonante imprevista”; e, seguindo os passos de Lúcia Miguel-Pereira, chama de “solução primária ou de mau gosto” a semelhança entre Maria e Maria Dusá.
Penso de maneira oposta. Na verdade, o tema do doppelgänger — do duplo — é dos mais recorrentes na literatura: de Plauto e sua Menaechmi a Shakespeare e A comédia dos erros, chegando, apenas para citar dois exemplos, aos contos O parceiro secreto, de Joseph Conrad, e O outro, de Jorge Luis Borges. São inúmeros os desdobramentos do tema, demonstrando a indiscutível riqueza que oferece à arquitetura narrativa, romanesca ou não.
À parte a confusão que permite — para o personagem que vê a duplicidade e para o que a vive —, o duplo surge, também, como ensejo à mudança ou à reafirmação da própria identidade. No caso de Maria Dusá, a insatisfação com sua vida e a decisão de mudar são anteriores à descoberta de Maria, mas o encontro com a igual reforça a urgência de ser diferente. Colocada diante de Maria — virgem, pobre, abandonada —, Dusá vê com maior nitidez sua condição: é rica e famosa; mas riqueza e fama que durarão, bem sabe, apenas enquanto for atraente.
Neste romance, ver o duplo não é enlouquecer, como ocorre em parte das narrativas que utilizam o doppelgänger. Ao contrário, a solução de Lindolfo Rocha mostra-se agradavelmente complexa, pois constrói dois destinos opostos: Maria Dusá recusa o presente vivido enquanto ilusão, abandona as fantasias da vida depravada e abraça o real; não se definirá mais pelo que sonha ser, mas pela realidade; sua lucidez cresce — e mesmo que, de início, sofra com a maledicência das pessoas ou com a dúvida em relação aos sentimentos de Ricardo, seu prêmio, no fim, será a felicidade. Ocorre o inverso com Maria. Deixando-se levar pelos acontecimentos, inclusive por certo incontrolável sensualismo, assume, a princípio, uma posição leviana, depois cínica, finalmente diabólica. Veja-se o perturbador Capítulo 26, em que a transformação de Maria se consuma diante de Dusá: a jovem parece incorporar a personalidade da prostituta e de sua pior inimiga, tentando, inclusive, seduzir a protetora. Mais tarde, chega, por acidente, a casar-se, mas a viuvez — provocada pela semelhança que tem com Dusá — leva-a, finalmente, à prostituição e à morte.
Em Maria Dusá, o encontro com o duplo não oblitera o eu, mas, ao contrário, afirma-o. Permite às personagens fugir da ambivalência — para o bem e para o mal. Há no romance, portanto, instigadora dimensão ética, na qual a escolha entre objetividade e sonho, realidade e fantasia, impõe, como na própria vida, conseqüências. No caso específico de Dusá, o encontro com sua mítica metade significa uma salvadora reintegração ao real.
Luta
O romance que Wilson Martins chamou de “superestimado […], ficção folhetinesca e melodramática”, tem, portanto, qualidades que não podem ser desprezadas. E o que menos importa em Maria Dusá é exatamente o seu regionalismo, apesar de ter servido, segundo informações de Múcio Leão, à Comissão de Filologia da Academia Brasileira de Letras, “como uma das suas fontes de abonação de brasileirismos”. Na verdade, os aspectos positivos do livro revelam a luta do escritor, consciente ou não, para libertar-se da retórica oitocentista e buscar o que, até aquele princípio do século 20, poucos autores nacionais tinham encontrado: a literatura.
NOTA
Desde a edição 122 do Rascunho (junho de 2010), o crítico Rodrigo Gurgel escreve a respeito dos principais prosadores da literatura brasileira. Na próxima edição, Simões Lopes Neto e Contos gauchescos e Lendas do Sul.