Uma das figuras centrais do movimento Beat e da contracultura nos Estados Unidos no século 20, morto em 2021, aos 101 anos, Lawrence Ferlinghetti sempre uniu poesia e ativismo em sua trajetória. Poesia como arte insurgente, publicado agora no Brasil pela editora 34, apresenta suas reflexões e provocações sobre poesia e vida, arte e ativismo, em cinco textos que escreveu e reescreveu ao longo de décadas.
“Livro de combate, de carregar pela rua, no bolso e no coração”, escreve o tradutor e poeta Fabiano Calixto no prefácio. Ao longo do livro, Ferlinghetti destila toda sua rebeldia contra tudo que é estabelecido, em conselhos como: “Escale a Estátua da Liberdade”, “desafie o capitalismo disfarçado de democracia”, “desafie os dogmas políticos, incluindo o populismo radical e o socialismo de manada”, etc.
“Ao lado de outros extraordinários representantes da beat generation, como Gary Snyder, Allen Ginsberg, Jack Kerouac, William Burroughs ou Gregory Corso, Ferlinghetti foi um dos muitos a mostrar que os ideais de caça ao tesouro, como nos tempos do faroeste, ou de luta desenfreada por dólares, como nos tempos insossos que eles testemunharam com enfado, estavam destituídos de autênticos valores existenciais, embora fossem os grandes fundamentos das ilusões de felicidade do modo americano de vida”, escreve o também poeta Leonardo Fróes, no texto de orelha do livro.
Em 1953, Lawrence Ferlinghetti fundou a lendária livraria City Lights, e em 1955, a editora de mesmo nome, pela qual publica seu livro de estreia, Pictures of the gone world (1955), e Howl & other poems (1956), de Allen Ginsberg, entre outros. Em 1958, lança A Coney Island of the mind, seu principal e mais popular livro de poesia, traduzido para vários idiomas e com mais de 1 milhão de exemplares vendidos.