Patrícia Rehder Galvão, conhecida como Pagu, será a autora homenageada da 21ª edição da Flip — Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece entre 22 e 26 de novembro. Nascida em 9 de junho de 1910, em São João da Boa Vista (SP), Pagu foi jornalista, dramaturga, poeta, tradutora, cartunista e crítica cultural. Atuou nos movimentos modernista e feminista, além de ter se dedicado ao ativismo contra o fascismo.
Pagu usou pseudônimos durante toda a vida: Patsy, Mara Lobo, King Shelter, Ariel, Pat, Léonie, Pt, Gim, Solange Sohl, Peste. A escolha das curadoras, Fernanda Bastos, jornalista gaúcha e editora de livros, e Milena Britto, professora da UFBA, traz luz à ampla produção artística de Patrícia Rehder Galvão e de outras tantas artistas e escritoras.
“Quantas escritoras se manifestaram em Pagu? Quantos universos a autora criou e expandiu por meio de suas produções? Muitas são as paisagens de dentro e de fora que ela nos mostra com suas múltiplas linguagens, todas trazendo em comum uma contestação incansável diante do mundo rígido”, explica Fernanda Bastos.
“Com seus modos de dizer e desenhar mundos, Pagu desenvolve uma paisagem em que são retratadas diversas mulheres brasileiras: operárias, mães, boêmias, artistas, as que aspiram à liberdade. É transformador olhar o presente por meio das lentes de Pagu”, complementa Milena Britto.
Trajetória
A pluralidade de gêneros incorporados no repertório artístico da autora faz dela uma aparição destacada na cena literária brasileira, ainda que tenha falecido em 12 de dezembro de 1962, sem o reconhecimento e a legitimação que muitos de seus contemporâneos usufruíram.
Publicou os romances Parque Industrial, em 1933, com o pseudônimo de Mara Lobo por orientação do partido comunista, considerado o primeiro romance proletário brasileiro, e A famosa revista, publicado em 1945 em colaboração com Geraldo Ferraz.
Com o pseudônimo King Shelter, lançou diversos contos policiais, reunidos posteriormente no volume Safra macabra. Pagu teve destacada atuação na imprensa, tendo participado de publicações como Brás Jornal, Revista da Antropofagia, O homem do povo/A mulher do povo, A plateia, A vanguarda socialista, France-Presse, Suplemento Literário do Jornal Diário de São Paulo, Fanfulla e A tribuna.
Para o teatro, traduziu grandes autores, muitos deles até então inéditos no Brasil, como James Joyce, Eugène Ionesco, Fernando Arrabal e Octavio Paz. Estão ainda, entre os feitos de Pagu, a entrevista que ela realizou com Sigmund Freud e a introdução da cultura de soja no Brasil, graças ao contato com o imperador chinês Pu-Yu.