Um dos ficcionistas mais importantes do Brasil, o pernambucano Raimundo Carrero, colunista do Rascunho, terá algumas de suas obras de não ficção reeditadas a partir de junho. A OIA Editora vai publicar o box Ceifa sangrenta em campo de batalha, com quatro títulos: A dupla face do baralho, Os extremos do arco-íris, Sinfonia para vagabundos e Viagem no ventre da baleia.
Os livros foram escolhidos pelo autor e pelo diretor de publicações da OIA, Thiago Medeiros, para que uma nova geração de leitores tenha acesso à política de Carrero. A primeira obra pensada para a reedição foi Sinfonia para vagabundos, que marca a história de Carrero como precursor das oficinas de escrita no país, tendo entre seus alunos Marcelino Freire, Silvério Pessoa, Débora Ferraz, André Balaio, entre outros autores.
“A obra mostra técnicas de escrita e também desenvolve o enredo de uma novela, com uma história curta e personagens, é como se ele mostrasse, na prática, a teoria contida ali”, conta o editor Thiago Medeiros, que também foi aluno de uma das oficinas de Carrero. A partir daí, surgiu a ideia de publicar outros títulos de viés mais político.
“Quisemos mostrar a faceta de professor do Carrero, mas também celebrar o escritor, como o Viagem no ventre da baleia, que traz uma visão política da época da ditadura militar no Brasil através dos personagens Jonas, Miguel e Padre Paulo”, destaca Carlo Benevides, publisher da OIA.
A obra literária de Raimundo Carrero recebeu amplo reconhecimento ao longo dos anos. Desde a década de 1990, ministra sua própria Oficina de Criação Literária, que revelou escritores que despontaram no cenário nacional, como Marcelino Freire.
Em 2000, Carrero foi agraciado com o Prêmio Jabuti na categoria de contos pelo livro As sombras ruínas da alma. Em 2010, ele recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura pelo romance Minha alma é irmã de Deus.
Em 2018, a Cepe publicou o volume Condenados à vida, que reúne a tetralogia do Quarteto áspero, composta pelos livros Maçã agreste (1989), Somos pedras que se consomem (1995), O amor não tem bons sentimentos (2008) e Tangolomango (2013).