🔓 Histórias minimalistas e metafóricas marcam livro de Luís Henrique Pellanda

“O caçador chegou tarde” traz 62 contos curtos inspirados nas fábulas e no nonsense; lançamento será neste sábado (3), na Livraria Arte e Letra, em Curitiba 
O curitibano Luís Henrique Pellanda, autor do livro de contos “O caçador chegou tarde”
31/05/2023

O curitibano Luís Henrique Pellanda lança neste sábado (3) seu novo livro de contos. O caçador chegou tarde traz 62 histórias inéditas, escritas durante a pandemia de Covid-19 e em meio às incertezas políticas que cercavam o país. O evento de lançamento acontece, a partir das 10h30, na Livraria Arte e Letra (Rua: Desembargador Motta, 2011, Batel – Curitiba, PR).

Nesse trabalho, em particular, optei por contos bastante abertos, com entrelinhas largas, que convidam os leitores a percorrê-los como bem entenderem”, explica o autor. O caçador chegou tarde aposta na relação simbiótica entre o homem e as criaturas da natureza, um tema recorrente na escrita de Pellanda. Para o autor, a humanidade faz parte da natureza, ainda que tenha desenvolvido um desejo mórbido de negá-la.

“Meu livro anterior, finalista do Jabuti do ano passado, se chama Na barriga do lobo, uma referência ao conto da Chapeuzinho Vermelho na versão dos irmãos Grimm, e também à escuridão que cercava a personagem enquanto era digerida pelo monstro”, diz. “O caçador chegou tarde dá continuidade a essa mesma metáfora. Não sei dizer se já fomos ou se um dia seremos ‘salvos’ do lobo que ultimamente nos vem digerindo enquanto sociedade ou civilização, mas entendo que a escuridão a que Chapeuzinho um dia se referiu acabou por nos afetar a todos.”

O livro abre com o conto A aposta, em que dois meninos desaparecem após apostar quem ficaria em cima de uma árvore por mais tempo. Eles crescem, se casam e têm filhos, mas permanecem na árvore. Com o tempo, diminuem de tamanho e desaparecem, misturando-se à natureza como se nunca tivessem existido.

Em A prata e os peixes, um avô reflete sobre a felicidade com seu neto durante uma pescaria. Ele fisga um lambari e encanta-se com sua beleza; o peixe morre, e à noite eles o comem. A passagem leva o menino a refletir sobre a felicidade: para ele, se o avô falasse menos, eles teriam pescado mais e seriam mais felizes. Em um dos menores contos do livro, O patriota na floresta, lemos: “O patriota entra na floresta e faz uma descoberta. Dentro da mata, seu país não existe”.

O caçador chegou tarde apresenta elementos temáticos e estéticos que se repetem do início ao fim, com o objetivo de criar nos leitores uma impressão de unidade e estranheza. “Quando escrevi esses contos busquei misturar, em cada um deles, características roubadas dos relatos de sonho, das fábulas, das parábolas, dos mitos de criação e dos contos de fadas ao nonsense, ao humor e à falsa simplicidade formal de autores tão diversos quanto Kafka, Kawabata, Karel Capek ou, mais recentemente, Liudmila Petruchévskaia, entre tantos outros.”

Serviço
Lançamento do livro O caçador chegou tarde
Dia 3 de junho, a partir das 10h30
Livraria Arte e Letra
Rua: Desembargador Motta, 2011, Batel – Curitiba, PR

O caçador chegou tarde
Maralto Edições
Luís Henrique Pellanda
Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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