🔓 BREVES_171

01/07/2014

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Antiterapias
Jacques Fux
Scriptum
216 págs.

Ironia judaica
Antes de tudo, um diálogo com a literatura. No prefácio, dentre outras, sentenças de Proust, Vargas Llosa e Primo Levi expondo suas visões sobre a arte de escrever. Partindo do contexto judaico, da frase borgiana “que a história tivesse copiado a história já era suficientemente assombroso; que a história copiasse a literatura era inconcebível”, e sempre acompanhado pelo livro Complexo de Portnoy, de Philip Roth, o texto discute a inserção de qualquer estrangeiro em uma comunidade. Testemunho, memórias, masturbação, ficção, história, cabala, Bíblia e literatura se embaralham e permeiam a biografia de um jovem judeu que busca se desvencilhar das amarras e máscaras judaicas. Escrito em primeira pessoa, com frases curtas, a prosa desperta imagens, sensações e questionamentos ao descrever momentos vividos e dogmas enfrentados no colégio, nas relações familiares, sentimentais e sociais. E num diálogo contraditório com a voz do narrador, constrói-se outra história dentro da história sugerindo uma perseguição a um dos mais cruéis nazistas foragidos da Segunda Guerra, Martin Bormann. O romance ganhou o prêmio São Paulo de Literatura em 2013.

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Trova
Carlos Eduardo de Magalhães
Grua
224 págs.

Vidas cruzadas
Em 2005, num reencontro de vinte anos da formatura do colegial, Mateus é assassinado num assalto. Partindo deste acontecimento, as histórias dos colegas que estavam mais próximos vão sendo reconstruídas. Em comum, todos nasceram no final dos anos 1960 e estão em busca de uma identidade, vivendo num mundo sem mistérios e mais livre, com padrões morais e religiosos diferentes daqueles que conheceram até o começo de suas juventudes. De criação aristocrática e dona de beleza invulgar, Márcia é confrontada com uma face que não conhecia no marido, com quem se casou aos 21 anos. Caio e Rogério sonhavam se engajar na luta pelo socialismo e têm, aos 22 anos, que rever suas certezas formadas em leituras e discussões. Ricardo, apaixonado por Márcia no tempo de escola, torna-se bancário e conquista uma carreira de sucesso. Luiz, ao contrário, não consegue se tornar o que havia planejado, e chega para a festa depois de ter sido expulso do apartamento pela companheira e voltado para a casa dos pais.

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Consternação
Jadson Barros Neves
Casarão do Verbo
184 págs.

Breve precisão
Tendo a paciência como companheira, o autor trabalhou e retrabalhou os quatorze contos de Consternação, deixando-os ao amadurecimento que o tempo pode prover. O resultado é uma narração que oscila entre o mistério e a veemência. Para Altair Martins, os contos têm “uma justeza e precisão onde se entrevê um Faulkner ou um Rulfo”. Entre outras situações, um rapaz é obrigado a matar o avô; um homem vislumbra em silêncio uma infância da qual não tem certeza; a demonstração máxima de apego, quando um rapaz pobre vende o pouco que tem para garantir alguns anos de vida sossegada ao cavalo que o sustentou a vida inteira; um narrador sem memória busca explicações para os fenômenos sobrenaturais que assombram o lugar que vive; Martim, atormentado pela morte da mãe e tentando se habituar a um novo estilo de vida, está frente a uma situação inusitada: um bilhete premiado e um misterioso bilhete que o sentencia de forma absoluta, no que seu objetivo é suspirar descansadamente.

Rascunho