Vargas Llosa e Euclides da Cunha: confluências (2)

Outra pergunta que também aparece com freqüência: que aspectos mais interessantes devem ser considerados no romance A guerra do fim do mundo
Mario Vargas Llosa, autor de “A guerra do fim do mundo”
01/01/2013

Outra pergunta que também aparece com freqüência: que aspectos mais interessantes devem ser considerados no romance A guerra do fim do mundo (2001), do Prêmio Nobel Vargas Llosa, e que não estão presentes em Os sertões? Há um que é muito importante: o aspecto romanesco. A guerra do fim do mundo é um romance, uma obra de ficção. Sendo assim, o autor teve a liberdade de inventar situações e personagens; de construir o mundo interior de seus personagens. A subjetividade destes, o mundo psicológico, ganha um realce que certamente não tem em Os sertões, que se baseia em dados científicos e na empresa jornalística de Euclides da Cunha. Euclides esteve em Canudos como correspondente de O Estado de S. Paulo e construiu seus personagens como figuras históricas, sobretudo. Vargas Llosa, mesmo que tenha se baseado em uma grande massa de documentos para escrever A guerra do fim do mundo, teve que operar com a fantasia, fabulou para produzir seu enredo e personagens. Num romance, numa obra de ficção, o dado da fantasia do leitor é, em princípio, mais convocado do que numa obra com outro estatuto.

CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO.

Rinaldo de Fernandes

É escritor e professor de literatura da Universidade Federal da Paraíba. Autor de O perfume de Roberta, entre outros.

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