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03/09/2014

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2,99
Marcio Renato dos Santos
Tulipas Negras
120 págs.

PrisĂŁo urbana
Em seu mais recente livro, o autor do Dicionário amoroso de Curitiba traz 16 contos com personagens que possuem nome, jamais sobrenome, em sua maioria deslocados em grandes e médias cidades. O humor e o deslocamento do olhar caracterizam a prosa, que apresenta personagens que não conseguem sair da prisão social casa-trabalho, trabalho-casa; o que não conhece mais o limite entre sonho, pesadelo e realidade; o que aposta na mega-sena a fim de mudar de vida; apresenta-nos um bar onde pessoas se reúnem pra imitar Paulo Leminski, aqui em Curitiba (PR) mesmo, no qual Claudio, após sorver muita cerveja, sobe no palco e faz sua apresentação, sem valer-se de trocadilhos nem de um bigode — e essa atitude o coloca numa enrascada; a trama existencial de Uma jornada particular; a superação e queda de um alcoólatra, n’O segredo de bem aventurança de Chuni Kuni; o que se passa na cabeça de dois caras em Noia, que fazem algumas confissões sobre o que pensam quando estão assistindo a um jogo de futebol; e outras situações inusitadas.

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SĂ­sifo desatento
Homero Gomes
Terracota
156 págs.

No vĂŁo da escada
Primeira coletânea de narrativas breves do escritor curitibano Homero Gomes, repleta de segredos bizarros e mistérios sublimes. Vinte e oito ao todo, divididas entre Tateando ausências, Morrer pelo paraíso, Dessa massa inerte levando meu grito e Um pequeno corpo e suas insignificâncias. O autor volta a um de seus símbolos preferidos, a sombra, representando uma criatura fugidia e irreal. A subversão também aparece em peso, passeando pelas noções fundamentais de sanidade e loucura, natural e sobrenatural, no que, por exemplo, um espelho, um túnel, um brejo e uma ilha se transformam em pontos metafísicos, portais para o autoconhecimento. Em geral, as pessoas se transformam emocional e fisicamente. As aparências desaparecem e transparecem, num tempo e espaço que ignoram as normas de segurança. Para finalizar, uma “explicação necessária” sobre O livro azul-turquesa, achado no vão da escada de emergência do prédio que habita, e o tirou de lá para trazê-lo aqui, neste Sísifo desatento.

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Dias de feira
Julio Bernardo
Companhia das Letras
189 págs.

Feira animada
Julio Bernardo é filho de feirantes, chef de cozinha e um blogueiro gastronômico ácido. Nas 50 crônicas que compõem a coletânea, o autor passeia pelas feiras de São Paulo, mostrando — com didatismo e humor — o funcionamento e toda a dinâmica social e econômica das feiras, recuperando histórias, causos, tragédias e episódios de personagens, entre mocinhos e bandidos, gostosonas e espertalhões, justiceiros e bêbados. Em meio aos cachos de banana, pastéis fritados na hora e sobrecoxas de frango caipira, algumas perguntas pretendem ser respondidas: quem anima a feira? Como ela funciona? Que histórias estão por trás dessa forma tão antiga e ainda tão popular de comércio, até mesmo numa megalópole como São Paulo? De tom assumidamente nostálgico, Bernardo volta, por exemplo, a 1979, relembrando um assalto que sofreram e o desfecho cômico; em Truques, vale-se de toda experiência que dispõe para nos ensinar que, entre outras coisas, “se o valor da mercadoria não for redondo, desconfie”.

Rascunho