🔓 A coleira do cão

05/02/2013

“A coleira do cão, o segundo livro de Rubem Fonseca, de 1965, é uma referência meio obscura para os leitores de hoje. Uma pena, porque seus oito contos condensam de forma perfeita todas as qualidades que transformaram RF num dos grandes mestres do gênero. Acabo de abrir meu despedaçado exemplar de 1979 — de encadernação vagabunda como todos os editados pela falecida Codecri — e mais uma vez tomei um susto ao perceber como soa atual a prosa do primeiro conto, A força humana, que o crítico Wilson Martins um dia escalou entre os melhores da literatura universal. Mais atual e mais vigorosa ainda quando a comparamos com a dos últimos livros do autor, como o recente Ela e outras mulheres, com sua reiteração maneirista de estilo. Os ótimos Feliz ano novo e O cobrador, dos anos 70, têm mais fama, mas (re)lendo A coleira do cão eu acho mais fácil entender por que RF foi, disparado, o mais influente autor brasileiro para os escritores surgidos pelo menos até os anos 80. Seria estranho se não fosse.”

SÉRGIO RODRIGUES é escritor e jornalista. Mantém o blog sobre literatura Todoprosa. É autor, entre outros, de As sementes de Flowerville.

Rascunho