• O que você pretende fazer na presidência da Academia Brasileira de Letras?
Como disse em meu discurso de posse, não pretendo reinventar a roda, mas sim, e acima de tudo, consolidar o que foi feito pelas duas últimas presidências, as de Tarcísio Padilha e de Alberto da Costa e Silva, das quais participei como tesoureiro e, depois, como secretário-geral. E o que se fez foi muito e em muitos sentidos. Basta dizer que, nestes últimos quatro anos, reestruturou-se por completo a antiga Biblioteca Acadêmica, que foi inteiramente higienizada, climatizada e informatizada. Criou-se a nova Biblioteca Rodolfo Garcia, segundo os especialistas a mais moderna do país e que será aberta ao público em fins de 2004, com um acervo de cerca de 65 mil volumes. Modernizaram-se as publicações da Casa, cada vez mais numerosas e de grande beleza gráfica, e criaram-se duas novas coleções acadêmicas: Austregésilo de Athayde e Antônio de Morais Silva, esta última consagrada aos textos filológicos. Ainda na área editorial, iniciou-se o regime de co-edições com algumas das principais editoras brasileiras, inclusive as universitárias. Somente no ano passado foram lançadas 11 co-edições, algumas das quais de obras há muito fora do mercado. Consolidaram-se em definitivo os ciclos de conferências temáticas e mesas-redondas, que reúnem mais de cem pessoas por evento e que ocupam todas as terças-feiras de março a novembro de cada ano, com a presença de acadêmicos e de escritores convidados de outros Estados. O Centro de Memória, onde está digitalizado todo o passado acadêmico, oferece agora ao público três sites monumentais: o da própria Academia, o de Machado de Assis e o de Euclides da Cunha. Há também os concertos de música erudita no Petit Trianon e as exposições que se realizam todo ano no Centro Cultural do Brasil e na Galeria Manuel Bandeira. Enfim, há toda uma programação voltada para o livro, a literatura e a cultura, e é cada vez maior o número de pessoas que visitam a Academia. No ano passado, a Casa recebeu mais de 24 mil visitantes. Em suma, a Academia é hoje uma das mais pujantes e complexas casas de cultura do país, e está muito longe de restringir-se àquele chá das quintas-feiras que precede as sessões plenárias. Como disse no início, antes de pensar em algo de novo, há que consolidar toda essa herança que recebi das mãos de meus antecessores.
• Em que a ABL mudou sua vida de escritor e poeta?
Do ponto de vista de minha vida interior, nada. Continuo a mesmíssima pessoa. Do ângulo da vida exterior, entretanto, ocorreu comigo — e, de certa forma, com a minha obra — um inevitável aumento de visibilidade, o que é natural na vida de quem ingressa na Casa de Machado de Assis, sobretudo quando pertence à diretoria e, como tal, fica mais exposto à visitação pública. Se isto é bom por um lado, no meu caso pessoal implica um certo desconforto, já que sou, por natureza, uma criatura reservada e até mesmo esquiva ao convívio social. E esse será o meu grande desafio como presidente, ou seja, o circuito social a que estarei condenado, pois, na condição hierárquica a que me alçaram, não poderei me furtar aos incontáveis compromissos culturais e sociais dentro e fora do país. Senti isto na pele ainda como secretário-geral e, como presidente, o ritmo será bem mais intenso. Por isso costumo dizer que esse cargo é antes um ônus do que um bônus. É uma função que exige muito sacrifício pessoal e dedicação absoluta da parte de quem a exerce. E é claro que a sua vida sofre modificações durante esse período. Ganha-se uma notoriedade que nem sempre se deseja e herda-se uma dose de responsabilidade às vezes quase insuportável. Só espero não sucumbir ao peso do fardo, como tampouco ao de uma glória que é apenas efêmera.
• Por que de repente todo mundo quer entrar para a Academia?
Porque, de uma certa forma, a Academia entrou na vida dos escritores, o que, em si mesmo, não chega a constituir uma novidade. O que acontece é que a Academia, nos últimos dez anos, passou a participar muito mais intensamente do que antes da vida cultural brasileira, seja porque se expandiu de maneira extraordinária, seja porque se abriu um pouco mais à sociedade brasileira. Trata-se de uma instituição emblemática e quase mítica de que todos já ouviram falar pelo menos uma vez na vida. Por questão de temperamento ou de qualquer outra ordem, escritores notáveis como Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Antonio Candido, Vinicius de Moraes e Ferreira Gullar preferiram ficar fora. Mas outros, como Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Antônio Callado, Ana Maria Machado, Alfredo Bosi e Carlos Heitor Cony, igualmente ilustres, pertenceram ou pertencem à Casa de Machado de Assis. E há outros, ainda, como Jorge de Lima, Oswald de Andrade, Monteiro Lobato e Mário Quintana, que não conseguiram ser eleitos, apesar de várias tentativas. A Academia vem se renovando sem cessar e tornou-se, de fato, uma instituição representativa da nossa melhor literatura, com uma produção intelectual cada vez maior e mais duradoura. E há um outro fator de interesse que não pode ser ignorado: o da ascensão social, o que confere à Casa um status e uma visibilidade invejáveis. E essas são, além de muitas outras, as razões pelas quais os escritores passaram a vê-la com outros olhos. Entrar para a Academia corresponde, em certo sentido, à coroação de toda uma trajetória literária, a um reconhecimento em nível nacional e internacional. Mas é bom que nos lembremos: não somos imortais, apenas pertencemos a uma Casa que talvez o seja.
• O que é ser poeta no Brasil?
Se o formos de fato e de direito, nada mais somos do que herdeiros de uma constelação de sacrifícios. E não creio que seja muito diferente fora do Brasil. Nenhum poeta será jamais um best seller, de onde se conclui que não cumulará bens pessoais nem poderá viver do que produz, razão pela qual estará desde sempre confinado ao desempenho de atividades profissionais paralelas, o que o priva de um tempo integral dedicado à criação e, o que é mais grave, daquele ócio sem o qual nada que presta se concebe. Por isso mesmo, pelo menos em nosso país, os poetas sempre foram jornalistas, funcionários públicos, professores, diplomatas, médicos ou advogados. Eu mesmo estudei medicina, mas, como Olavo Bilac, larguei o curso no terceiro ano. E tornei-me jornalista. É quase uma tradição entre nós. Na Europa e nos Estados Unidos, onde o intelectual é bem mais valorizado, essa situação muda um pouco. Poetas como Dylan Thomas, T.S. Eliot, Auden, Yeats ou Valéry eram bem remunerados como conferencistas ou professores convidados por universidades. No Brasil não é bem assim, e aquele que se consagra à poesia sabe de antemão que irá se defrontar com dificuldades sem conta. A poesia tem algo de sacerdócio e ser poeta no Brasil (não consigo entender como tantos o almejam) é como assumir um risco pessoal e social dos mais temerários, pois, por mais reconhecida que seja a obra de quem o assume, jamais poderá o autor viver do que escreve. E lembro aqui o melancólico exemplo de Manuel Bandeira, que, poeta já consagrado, pagou do próprio bolso as edições de seus primeiros seis livros de poesia. É claro que de lá para cá muita coisa mudou no mundo editorial, mas é raríssimo, até nos dias de hoje, que um poeta alcance uma edição superior a três mil exemplares, o que chega a ser grotesco num país cuja população tangencia agora a casa dos 175 milhões de almas. Em suma: ser poeta no Brasil não é um bom negócio.
• Você escreve poesia para quem?
Sempre alimentei a doce ilusão de que escrevo para todos, mas sei também que, em certo sentido, não escrevo especificamente para ninguém, já que não posso conceber um modelo predeterminado de leitor e, também, porque não costumo fazer concessões a quem quer que seja. Penso que a ambição de qualquer escritor, desde que consinta na publicação de suas obras, é ser lido pelo maior número possível de pessoas. Digo isto porque minha literatura jamais criou problemas ao nível da leitura. Não sou hermético; sou, antes, um filho da clarté, o que não significa, porém, que aquilo que tento transmitir seja sempre de fácil compreensão. Mas há o caso de poetas imensos que nunca tiveram a pretensão de publicar suas obras. E lembro aqui, entre outros, o caso de Dante Milano, cujo primeiro volume de versos, Poesias, foi publicado à sua revelia em 1949, quando o autor já tinha 50 anos. Neste caso específico, ao poeta pouco importava que o lessem, pois sua missão — ou seja, escrever o poema — já fora cumprida. E recorde-se que, no ano seguinte, Dante Milano conquistaria a maior láurea poética de seu tempo: o Prêmio Filipe d’Oliveira. A mim também me surpreendem os prêmios nacionais de poesia que recebi, entre eles os do Instituto Nacional do Livro, da Biblioteca Nacional e o Jabuti. Daí se conclui que houve uma certa resposta dos leitores e da crítica à poesia que escrevo, o que já é um consolo. Não tenho dúvida de que a minha poesia envolve uns tantos problemas, e o maior deles talvez seja o da atemporalidade, já que não escrevo, especificamente, para o homem da minha época, e sim para o de todos os tempos. Escrevo sobre a condição humana, e meus temas são os temas seminais dessa condição: o amor, a morte, o tempo, a memória, a infância e o absurdo que é estarmos aqui, sem redenção ou salvação, condenados àquele castigo que os antigos deuses impuseram a Sísifo. E já que esses temas são — e foram desde sempre — aqueles que tocam à glória e à miséria do ser humano, espero ser lido por todos os que padecem do mal eterno que me consome: o de estar diante de si e do nada. E nisso consiste toda a alegria e toda a dor que há no mundo desde que o homem se entende como tal.
• Num mundo conturbado como este ainda existe lugar para a poesia?
Sempre existirá um lugar para a poesia, embora um poeta como Hölderlin tenha certa vez ponderado: “Para quê a poesia em tempos de indigência?” Mas esse mesmo Hölderlin afirmaria depois: “O que permanece, porém, fundam-no os poetas”. Penso até que o papel da poesia seja ainda mais decisivo justamente neste mundo conturbado. Quando Eliot escreveu The Waste Land, em 1922, a humanidade mal acabara de sair da Primeira Guerra Mundial e já sabia que estava se preparando para a segunda, tamanho era o absurdo ocasionado pelos termos do Tratado de Versalhes. E The Waste Land foi um poema que modificou não apenas o comportamento humano, mas também toda a mentalidade poética contemporânea. Modificou-a porque colocou o homem diante de si próprio e de seu próprio horror, que constitui, a rigor, um passo rumo à glória. Eliot e Pound, dois norte-americanos de origem e autênticos outsiders, eram os únicos que, naquela época, acreditavam nos valores humanos e espirituais a que toda a Europa já havia renunciado. E foi com a poesia que escreveram que começou a se recompor aquele ideal de Goethe de uma só e coesa Europa, a rica e poderosa Europa que hoje conhecemos. Não é que a poesia tenha uma função social, mas há um lugar que sempre lhe caberá e há uma função que ela vem desempenhando desde os tempos homéricos: a de elevar e consolar o desolado espírito humano, que continua a viver na orfandade ontológica, vítima de sua contingência e de sua caducidade terrenas. Não foi à toa que dele disse Camões tratar-se apenas de um “bicho da terra tão pequeno”. Não estou aqui defendendo nenhum compromisso com o sublime. Mas por que o sublime foi banido de maneira tão arbitrária da poesia que hoje se escreve? A permanência da poesia entre nós depende muito da missão dos próprios poetas, que não é tanto a de correr atrás de uma glória efêmera, mas a de lutar para que ela, a poesia, não morra.
• Há leitores de poesia no Brasil?
O grande poeta espanhol Juan Ramón Jiménez costumava apor no frontispício de seus livros de poesia esta lacônica advertência: “Para la minoria, siempre”. Em certo sentido, a verdadeira poesia será sempre para poucos, já que exige um tipo de leitor e uma forma de sensibilidade que não são atributos da maioria dos mortais. Talvez até nem por culpa da grande massa dos leitores, pois a plena fruição da poesia depende de um dom e de uma formação intelectual. Mas nem por isso se pode dizer que não tenhamos no Brasil um razoável número de leitores de poesia, um número que talvez seja maior do que em muitos centros reconhecidos como de forte tradição literária e cultural. É possível que assim o seja porque o espírito brasileiro é, acima de tudo, lírico e criativo, aberto à sensualidade e ao cromatismo das formas verbais, como de resto ao de outras formas artísticas. Muito a propósito, cumpriria recordar aqui que o português consonantal e travado de Portugal vocalizou-se entre nós, adquirindo uma maleabilidade e uma doçura musical que nenhum poeta português jamais foi capaz de alcançar. Nenhum poeta da outra margem do Atlântico poderia escrever este admirável decassílabo castroalvino: “Que a brisa do Brasil beija e balança!” Mais do que ao espírito, este verso pertence à alma brasileira, ao poder que ela tem de mitigar e suavizar a expressão. Não sei se temos a quantidade de leitores que seria compatível com a boa poesia que hoje se escreve no país, mas há leitores, e os há até refinados e exigentes. Mas em qualquer plaga do mundo a poesia, a verdadeira poesia, será sempre para poucos. O que é melhor do que não ser para ninguém.
• Por que as edições de poesia no Brasil são tão pequenas?
Em parte, a resposta já foi dada acima. Mas há outras razões, e não se pode esquecer aqui a do pouco (às vezes nenhum) retorno financeiro de quem investe na poesia. E uma coisa está obviamente vinculada à outra. As edições brasileiras, mesmo no caso de uma obra de êxito assegurado, são muito modestas se levarmos em conta, como anteriormente já disse, a população do país. E essas pequenas tiragens encarecem a produção editorial. O livro, não apenas o de poesia, é ainda um luxo entre nós, e a esmagadora maioria de nosso povo não tem acesso a esse luxo. A situação mais ainda se agrava porque o hábito da leitura é quase incipiente no país, razão pela qual mesmo uma pequena edição corre o risco de encalhar. A rede livreira brasileira, que reúne hoje cerca de 1.300 1ojas, é a bem dizer ridícula e não tem como escoar a produção de quase quatro mil editoras. Este é um país que beira as raias da esquizofrenia, pois é o único no mundo inteiro em que o número de editoras é três vezes maior do que o de livrarias. Até bem pouco tempo, a cidade de Buenos Aires possuía mais livrarias do que o Brasil inteiro. E tudo isso cria uma situação desastrosa no que toca à distribuição nacional. Todos são prejudicados: o autor, o editor, o livreiro e, na ponta do processo, o leitor. Não vejo, a curto prazo, como romper esse círculo vicioso, que compromete o consumo de todos os gêneros literários, em particular o da nossa enjeitada poesia.
• A poesia é levada a sério no Brasil?
É. Mas não podemos esquecer de que se publica poesia demais. E poesia de má qualidade. E isso é um risco para a credibilidade da própria poesia. Há autores que publicam um ou mais volumes de poemas por ano, o que de fato não dá para levá-los a sério, sobretudo quando se pensa, por exemplo, que Baudelaire e Leopardi nos legaram apenas um único livro de poesia. Ou que Eliot escreveu, ao longo de toda a vida, 84 poemas. E mudaram para sempre a face da poesia. Isso para não falar de Dante Alighieri, cuja Commedia é póstuma. Quando estreei como poeta, em 1964, publicar um livro era um acontecimento. Hoje não passa de uma banalidade. E esse processo fátuo e estúpido que não leva a lugar algum encontra-se favorecido por centenas de editoras de ocasião ou de fundo de quintal. Qualquer um se julga no direito de ser editor porque dispõe de um computador e de uma impressora, e inundam o mercado com textos inúteis e aviltantes que em nada contribuem para a formação de um autêntico leitor. É muito importante que se amplie entre nós a produção editorial, pois esse aumento é sintoma de que está crescendo o número de leitores. Mas não faria mal a ninguém um critério mais rigoroso no tocante à seleção de títulos. E não é só a poesia que corre o risco de cair no descrédito dos leitores, mas também os demais gêneros literários, como é o caso dessa indigente prosa minimalista que só pode ser lida por espíritos liliputianos.
• Como está a produção de poesia no Brasil?
Ainda uma vez, a resposta à pergunta anterior dá alguma conta do que se indaga nesta. Mas há que proceder a uma distinção, ou seja, existe uma diferença entre a produção de poesia como ato de criação e a produção de coletâneas poéticas que se destinam ao mercado livreiro, embora seja tênue a fronteira entre ambas. Vou restringir-me aqui àquela primeira consideração. E começo por dizer que este é, sem dúvida alguma, um país de poetas. De poetas que lembram às vezes uma nuvem de gafanhotos. Recebo em casa, pelo correio, grande parte da poesia que hoje se escreve no Brasil e, além disso, mantenho assídua correspondência com autores de quase todos os Estados do país. Por isso mesmo, estou razoavelmente atualizado com a nossa produção poética contemporânea, que é imensa, diversificada e de indiscutível pujança. Há bons, ou mesmo excelentes poetas no Sul, no Sudeste, no Nordeste, no Norte e no Centro-Oeste. Não cito nomes porque, fatalmente, alguém seria esquecido, e ninguém gosta de sê-lo. Por outro lado, entretanto, falta ainda uma perspectiva histórica para que se avalie com justeza e eqüidistância crítica a obra de cada um deles. E há ainda uma coisa que me preocupa na atual poesia brasileira: sobram talento e criatividade, mas faltam maturidade, trabalho consciente e pertinaz com o verso ou com a forma poética (entenda-se aqui que forma e conteúdo são uma coisa só) e uma visão de mundo mais profunda e consistente. O poeta brasileiro costuma julgar que já nasce pronto. É claro que se nasce poeta, mas não se nasce pronto. Isto só vem com a formação literária, com muita leitura de outros poetas, inclusive de outras línguas, com muito suor, sangue e lágrimas. Como dizia Goethe, talento é apenas 1% no processo da criação. O resto é trabalho, trabalho e trabalho. O jovem poeta brasileiro trabalha pouco e estuda menos ainda. Ninguém mais se lembra de que Manuel Bandeira possuía um conhecimento prodigioso de arte poética, e só abandonou a métrica e a rima (às quais depois retornou) quando estas nada mais representavam para ele. Mas Bandeira era dono da mais opulenta cultura poética que alguém já teve entre nós. Apesar de tudo isto — e com base na longa experiência que adquiri como editor da revista Poesia Sempre, da Fundação Biblioteca Nacional, cujas páginas nos davam conta, a cada número, da poesia que hoje ainda se escreve em diversos países ocidentais —, posso afirmar que a poesia contemporânea brasileira é uma das melhores do mundo, se não a melhor. O julgamento pode soar temerário, mas prefiro aqui me arriscar a fazê-lo, e gostaria muito que dele tomassem conhecimento os escritores de outros idiomas, pois, se o fizessem, poderiam colaborar um pouco para a divulgação de grandes poetas que somente se expressam na língua portuguesa, essa “última flor do Lácio, inculta e bela”, que acabou por se transformar, embora seja a sétima língua de cultura do mundo, num obscuro e esquecido gueto literário.