Primeira: como definir um miniconto? É um conto comprimido em que o não dito é tão importante quanto o dito. Nele há que ter muita sugestão, sendo que o implícito se impõe. O miniconto evita, o máximo possível, dar ao leitor a semântica principal do texto. O leitor precisa participar na produção de sentidos. As características básicas de um miniconto bem realizado: compactação, sugestão e linguagem com instantâneos poéticos. Segunda: quais os primeiros registros do miniconto? A origem é imprecisa, mas as fábulas já partiam de uma noção de brevidade narrativa. Na modernidade, especialmente a partir do final do século 19, passando por todo o século 20 e chegando ao 21, verificou-se uma tendência na redução do tamanho do conto. Tirando o caso de Guimarães Rosa, que escreveu contos mais extensos, os modernistas brasileiros praticaram contos mais curtos, em relação a certos modelos do século 19 para trás. E no âmbito do miniconto propriamente dito, destaco a figura de Dalton Trevisan, escritor paranaense mestre nesse formato. Trevisan passou do conto breve para o conto comprimido. Escreveu vários livros de minicontos — neles se encontram algumas pérolas do gênero. Terceira: para ser chamado de miniconto, existe um número determinado de linhas? Há uma exigência? Não há exigência. Mas nota-se, muitas vezes, uma extensão variando de meia para uma página. Às vezes até menos. Há minicontos, também chamados de micro ou nanocontos, que se fazem com três ou quatro frases — e às vezes até com uma. A prática do microconto prosperou muito com o advento da internet. Hoje se pratica muito o gênero nas redes sociais.