A escritora moçambicana Paulina Chiziane, de 66 anos, é vencedora do Prêmio Camões de 2021. Em anúncio feito na tarde desta quarta-feira (20), o júri destaca “a importância que [a autora] dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana”. No ano passado, o português Vítor Aguiar e Silva foi o vencedor.
A comissão do Prêmio Camões deste ano, composta por brasileiros, portugueses e representantes de países africanos de língua oficial portuguesa, também menciona o vasto alcance da obra de Paulina, festejada por público e crítica, e a ponte que seu trabalho constrói com outras artes.
O principal livro da autora nascida em 1955, na vila de Manjacaze, é Niketche: uma história de poligamia, editado pela Companhia de Bolso. No romance, a fiel e subserviente Rami descobre que seu marido, Tony, tem amantes e filhos por todo Moçambique.
Em vez de se distanciar do marido, com quem é casada há 20 anos, a protagonista decide que irá conhecer cada uma das mulheres. “Eu, Rami, sou a primeira-dama, a rainha mãe. […] O nosso lar é um polígono de seis pontos. É polígamo. Um hexágono amoroso”, diz a personagem.
No Brasil, a Dublinense lançou O alegre canto da perdiz e a Nandyala, de Belo Horizonte, publicou As andorinhas e Tenta!. Em Moçambique, onde nasceu, Paulina foi a primeira mulher a escrever um romance: Balada de amor ao vento, de 1990.
Tendência
Outro importante prêmio foi para a África neste ano. Na manhã do último dia 7 de outubro, a Academia Sueca anunciou Abdulrazak Gurnah como vencedor do Nobel de Literatura.
O comunicado oficial diz que o autor da Tanzânia foi escolhido por conta de sua obra “de penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes”.
Sem obras publicadas no Brasil quando do anúncio de sua vitória, Gurnah já está com seu lugar garantido nas prateleiras nacionais: a Companhia das Letras vai publicar quatro livros do autor. O primeiro deles, Afterlives, sai no primeiro semestre de 2022.