Com 30 anos de vida literária, a carioca Rosália Milsztajn lança agora seu sexto livro de poemas, Puro cristal, editado pela 7Letras. O livro sai exatamente três décadas depois da sua primeira coletânea de poesia, No azul (Imago), lançada em 1991, quando a autora tinha 40 anos.
A obra é apresentada pelo escritor e crítico literário Ricardo Vieira Lima, e traz texto de orelha do poeta, professor e crítico Adriano Espínola.
Puro cristal é composto por 36 poemas elencados sem as tradicionais divisões por temas comuns em livros de poesia. O texto de abertura, que dá título à obra, é o único em prosa. Ele funciona como um prólogo, no qual o cristal em questão, no lugar de brilhar, “corta como faca afiada” uma dor que, ávida, consome (e corrói) absolutamente tudo — à exceção da poesia.
A poeta abre sua voz de forma branda, cantando coisas cotidianas. Um exemplo está no tríptico formado pelos poemas Todo dia eu vou à praia; Todo dia eu tomo café e Todo dia que me sento à mesa.
A poeta tem um olho no passado e outro no presente. O que ficou conhecida como a “Noite dos Cristais”, quando, em 1938, na Alemanha, judeus tiveram sinagogas, lojas e suas casas destruídas de forma brutal e covarde, inspira um dos mais comoventes textos do livro, no qual suas “palavras agora são músculos\cultivados na academia dos sofrimentos ancestrais”. Do passado, ela segue para o presente, mostrando que pouco (ou nada) mudou: “Só os mortos contamos\não temos com quem contar!” (Cantam as vassouras).
Rosália Milsztajn é escritora, médica e psicanalista, autora de oito livros. Estreou com No azul (Imago, 1991) e, como poeta, lançou Itgadal — Memória dos ausentes (Diadorim, 1997); Luminosidades (7Letras, 2000); Aqui dentro de mim (Aeroplano, 2003) e Esse recorte (Patuá, 2014). Por esse último, ganhou em 2016 o Prêmio Literário Nacional do Pen Clube do Brasil na categoria Poesia.
Publicou também os livros de contos A história dos seios (7Letras, 2010) e Era uma vez e outros contos” (2018), além do infantil Não briga comigo (Ibis Libris, 2019).