Sônia Barros tem uma longa trajetória como autora de obras para crianças e jovens, além de ser também poeta. Neste livro, ela evoca uma realidade familiar de amor em profundidade. A configuração narrativa é a do diálogo entre mãe e filha — duas vozes que não apenas se intercalam nas sombras do presente, mas são igualmente enunciadas nas cintilâncias do passado. Essa modulação, que a princípio mimetiza as marcações teatrais, em que os gestos consubstanciam as falas, se impõe como um itinerário que parte da dúvida do agora e avança em direção à certeza do antes. O leitor vai descobrindo quem é a mãe, que adotou essa filha, e quem é a filha que, dotada tanto dessa mãe, não de corpo, mas de alma, chega com ela ao estado máximo de comunhão. “O dueto de temas diários (e só em aparência prosaicos) revela um vínculo grandioso que raramente se dá entre seres regados pelo mesmo sangue. Zaime, de Sônia Barros: uma história de (dupla) generosidade em carne viva”, escreve João Anzanello Carrascoza sobre a obra.