Uma voz sublime e rara

Há 30 anos Marize Castro percorre um caminho poético de renovação e reinvenção
A poeta potiguar Marize Castro
28/08/2016

Entre os caminhos da poesia brasileira contemporânea, há pelo menos dois em que se veem reunidos poetas de características e interesses comuns: aqueles cuja atitude poética expõe, por meio do próprio trabalho, uma adesão a uma deliberada adolescência, que se quer afirmar como um sopro renovador do fazer poético, e mesmo renovador do conceito de poesia, seguindo a visão do polonês Witold Gombrowicz, que contesta a autoridade do poeta em sua pretensa altanaria e vínculo com a tradição; e aqueles voltados para a linguagem em sua potência de pensamento, cujo trabalho acaba por servir de alimento a discursos ideológicos vários, estudos acadêmicos e associações com outras formas de conhecimento, como a filosofia e a política, não raro confundidas com a poesia numa mirada multidisciplinar. Ambos os caminhos têm como inevitável lastro a autoconsciência crítica do poeta nascido com a modernidade, que, seja em direção a um apelo popular ou a um reconhecimento acadêmico, pouca credibilidade deixa à noção do poeta romântico, inspirado, intuitivo, autodidata, inconscientemente atrelado às forças dos mitos, diante das quais engenho e arte não são tudo o que basta.

Cabe lembrar, porém, que modernos e pós-modernos devem grande parte do legado de um novo modo de pensar, seja na política, nas teorias históricas ou na arte (com o simbolismo, o surrealismo e os chamados mitos modernos), ao espírito romântico, como já bem observava o filósofo Isaiah Berlin. Enquanto na literatura, e na arte, de um modo geral, o autor e a construção de sua persona ainda estejam em foco, também está em ação e subterraneamente se difunde um poder de descentramento de controle do artista sobre o próprio fazer criativo, o que faz, na poesia, uma voz ser atravessada por outras vozes, e a matéria da vida afirmar-se como força motriz de uma pluralidade de valores, relativização de certezas e liberdade como legado do romantismo muito antes de uma virtude da contemporaneidade.

A poesia da potiguar Marize Castro, dentro do panorama da poesia brasileira atual, ocupa justamente esse espaço subterrâneo de descentramento, de humildade perante forças (de mitos, símbolos, ritos) de uma ancestralidade nem sempre consciente, o que torna sua escrita porosa às vozes de outras mulheres, que são míticas, modernas e arcanas, numa tessitura de signos e mistérios nunca inteiramente decifrável. Prova de um labor cúmplice do tempo em sua sabedoria cíclica, sem urgências imediatistas ou midiáticas, o ofício personalíssimo de Marize já acumula mais de 30 anos. Seu primeiro livro, Marrons crepons marfins, de 1984, antecipava ressonâncias da poesia de Ana Cristina Cesar em sua voz, uma herança que apenas hoje se desdobra numa febre de redescoberta de Ana C. por jovens poetas em atividade. Seu segundo livro, Rito, de 1993, igualmente se revela tributário de uma poeta só há pouco tempo relida e louvada por outros poetas brasileiros: Orides Fontela.

Muitas vozes
Não fossem suficientemente relevantes essas ressonâncias, surgidas antes de um parentesco de espírito que de uma qualquer episódica oportunidade de revisão histórica, há muitas outras vozes que são da família de Marize, não só brasileiras, como Hilda Hilst e Zila Mamede, como também de outros tempos e lugares, como Safo, de quem a poeta herda a sensualidade dos ardis de sedução, por sua vez herdados de Afrodite, ou Emily Dickinson, com quem Marize compartilha, por exemplo, o segredo de vulcões domésticos e um jardim de casa com suas leis de botânica e teias de aranha como signos de tessitura poética, enredo de atração, mortalha.

Trata-se de uma família de almas revolucionárias, a família poética de Marize, de personalidades contestadoras do instituído, que inclui ainda as grandes mulheres da mística, como Edith Stein e Santa Teresa de Ávila. Além de Afrodite, outras figuras míticas também estão presentes, antigas e modernas, como Electra e Macabéa, Helena e Cabíria, Medeia e Mrs. Dalloway, Antígona e Senhora D., Clitemnestra e Sra. Ramsay. Figuras que são máscaras ou encarnações de múltiplas mulheres anônimas, delicadas ou diabólicas, colhedoras de romãs, “filhas, tias, irmãs, amigas, mães”. A partir dessa teia de conexões ao mesmo tempo simbólicas e sanguíneas do feminino é que se vai configurando a genealogia dessa autora de presença tão singularmente marcante quanto discreta dentro do cenário da poesia brasileira contemporânea. Uma genealogia de características ambíguas, em que coexistem ousadia e sutileza, rebeldia e reverência, encadeamentos eróticos entre vida e morte, estado de prece e estado de cio, metamorfoses de uma linguagem andrógina.

Íntima das palavras e da densidade litúrgica de seus símbolos, sem se melindrar diante dos nomes do sagrado, Marize Castro exibe desde sua obra de estreia, Marrons crepons marfins, uma linguagem de expressividade decidida, sintática e semanticamente lúbrica, amiga da paronomásia, como a enredar duplamente o leitor, pela matéria mesma dos poemas e seu ritmo. Como lembra a crítica Nelly Novaes Coelho, este início de Marize, entre os anos de 1980 e 1990, acontece “nos rastros da ‘contracultura’”, no contexto de uma geração em busca da própria identidade. É dentro desse terreno comum que a poeta marca sua singularidade numa erotização verbal da qual participam as feras, as aves e mitos como o centauro, o fauno, as ninfas, as sereias, o narciso, o minotauro.

A poeta observa e também é observada por Eros. A ironia, o fingimento, a farsa, a poesia como “lúdico ofício”, a “maldição” de “falar pelos Deuses”, pela palavra domar, desarmar, deflorar, ser um “escândalo”, em “versos/ vândalos/ de seda/ e espanto”, dão o tom, nesse primeiro momento, de uma voz insubmissa, que se impõe, que afronta, que protagoniza. Há paixão, audácia, teatralização trágica em “lâminas”, “navalhas”, “espadas”, “setas” e fogos frequentes nos versos de Marrons crepons marfins. Mas há também um silêncio, uma sobriedade, uma placidez de garça que esses poemas observam, como prenúncio de um novo tom, uma metamorfose possível, que, de fato, vem com o segundo livro, Rito, de 1993.

Escrava da palavra
A começar pelos versos de abertura: “Salgar os pés e unir as mãos. Na vertical./ Numa confissão de ternura”, os poemas de Rito não somente ampliam o campo de expressão de Marize Castro como também transmudam sua atitude perante a poesia: “A teus pés/ Palavra/ nada tudo sou”. Antes desconfiada, desbravadora, desabusada, agora a poeta se deixa enternecer, mira o “singelo”, o “divino”, “a santidade que há na lira”, dizendo-se escrava da palavra, escrava de “tudo que é Exílio. Êxodo. Linguagem”. Com essa nova atitude, próxima da transparência e da humildade, o “rito” da poesia igualmente se transmuda, de fingimento em liturgia, e o que era um jogo de espadas, lâminas, navalhas, agora é um ferir por meio da sutileza.

Aquela voz lúbrica de mulher, em Marrons crepons marfins, já não fala de si mesma ou se autoafirma, mas encarna a voz da própria Poesia: “O homem que eu toque/ deixará de ser homem.// Será flor, trilho, estrada.// Ou anjo”. Redimensionam-se, assim, os versos, sendo a Palavra quem os enuncia, a palavra em seu poder alquímico de simbolizar, metamorfosear, encantar. Diz o poema-título do livro: “Língua licorosa transporta ao deslizar./ Transatlântico imprevisível./ Veludo noturno que não hesita”. Eis a aguda sutileza, o melodioso da língua, a viagem que um poeta empreende por meio da palavra — navegações, inclusive, pela memória universal da poesia, na qual Marize revê alguns de seus poetas, prestando-lhes homenagem em seu livro: Homero, Camões, Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Emily Dickinson, Elizabeth Bishop, Orides Fontela. A cada um deles a autora deve parte de sua herança. Por exemplo: “Emily, de onde estou/ já te alcanço.// Aqui há tradição. Ruptura.// E o verdadeiro encanto”. Dessa sabedoria poética, de se descobrir lendo a si mesma em seus precursores, e se reinventar em múltiplas faces e por múltiplos caminhos, Marize faz brotar o novo desde antigas raízes: “Sou velha. Muito velha.// E o novo não está distante.// Abro a fonte/ e ele medra”. Vem daí o surpreendente rumo que sua poesia toma em Poço. Festim. Mosaico, seu terceiro livro, de 1996.

Como disse certa vez numa entrevista a poeta italiana Cristina Campo (pseudônimo de Vittoria Guerrini, 1923–1977):

Imperdoável é, para o mundo de hoje, tudo o que se assemelha ao jacinto de Perséfone. (…) Todos experimentam este terror, mas alguns preferem disparar sobre a beleza ou refugiar-se no horror para esquecê-la. O ódio moderno aos mitos, sobre o qual escrevi algumas vezes, é um exemplo central. O rito é por excelência essa experiência de morte-regeneração. Estou a falar de algo que a maioria não sabe o que seja, que alguns apenas recordam, e que só sobrevive em pouquíssimos lugares desconhecidos. São esses, julgo, os verdadeiros modelos, os arquétipos da poesia, que é filha da liturgia.

Um desses lugares em que o rito sobrevive é certamente na poesia de Marize, onde essa “beleza terrível” não apenas aceita a morte, mas dela se faz íntima (“a morte me beija os lábios. e passa. mansamente”), numa incursão verbal por mundos subterrâneos, atingindo um estado abismal de pensamento raras vezes conseguido com mesmo grau de imprevisibilidade e inspiração em outros exemplos da poesia brasileira, sobretudo dentro da cena contemporânea. Isso o leitor comprova com sobra de espanto nas páginas de Poço. Festim. Mosaico, uma obra que completa 20 anos agora em 2016 e continua a ser de uma grandeza e uma beleza “imperdoáveis”, para usar com acerto o termo cunhado por Cristina Campo.

Com uma voz feminina — de fêmea, de musa, de força sortílega, da própria Poesia — em interlocução consigo mesma e com o homem, o livro reúne poemas que, diferentemente dos anteriores, alongam-se num ininterrupto canto inspirado, não por isso sendo menos lapidar que em outros versos concisos de Marize. Um canto que acessa aquela dimensão do contemporâneo contemplada pelo filósofo Giorgio Agamben, para qual todos os tempos convergem, numa coexistência viva de mitos antigos e modernos da literatura, especialmente as personagens dos abismos. Os deuses não estão exilados desse canto nem a ternura ou os mistérios da poesia. Há uma voz que clama “por tudo o que agoniza e canta”, “harpas. liras. redomas”.

Há uma mulher de “alma secular”, “alimentada por sombras”, “possuída por profundidades”, que, “neste mundo manco”, ainda aposta na delicadeza e na inocência. Há o rio Potengi (rio que desemboca em Natal, cidade da poeta, no Rio Grande do Norte), tão icônico para a autora quanto o Tejo e o Tâmisa. Há o espaço da tragédia, Corinto, Tebas, Colona, e traços de uma poética nessa voz que se pensa enquanto vai se tecendo em torno dos sentidos da poesia e do amor: “arder./ depois murchar. repleta de memória e céu”, “ser pouco não me interessa”; “esta escritura, ditada por ancestrais,/ é a minha única herança./ é tudo o que eu tenho, é tudo o que eu sou”; “somos vítimas do que fascina”; “a poesia se abisma./ e é toda amor. abrigo. asilo. naufrágio”; “a poesia entende de volúpia. languidez. aparições.”; “senhores, a poesia é lei matemática./ único poço. língua. nau que nos leva”; “a colheita me tornou mais humilde”, “já não são mais leis os mandamentos da luxúria”; “teresa de ávila e juana inés aqui estão”; “escrevo como quem morre:/ em hábil verticalidade./ o que me toca é o que está em pedaços./ penhasco que enlaça. tentáculos de eternidade./ o que é quase divino. quase sombra. secreto córrego./ ascensão e queda. êxtase e perda”; “eu te amo.// mas não sou lírica./ sou cíclica. buliçosa. circular./ mulher que evoca avalanches./ e se abandona. transformada.”; “fêmea que faísca. senhora de tragédias./ carregando dentro de si o útero do mundo./ mulher de afãs e larvas que lê ésquilo nas madrugadas./ e arranca da alma a origem da terra./ a bondade do universo./ depois respira. profundamente./ uma tecelã que se equilibra em frases./ e guarda grandes segredos de bronze”.

 

Marize Castro exibe desde sua obra de estreia, Marrons crepons marfins, uma linguagem de expressividade decidida, sintática e semanticamente lúbrica, amiga da paronomásia, como a enredar duplamente o leitor, pela matéria mesma dos poemas e seu ritmo.

Ternura e humildade
As epígrafes dos livros de Marize também iluminam parentescos. Em Esperado ouro, de 2005, são três os seus eleitos: Rilke, Safo e Hölderlin. Transmudando-se de obra para obra, a voz que agora ressurge mostra-se reconhecível pela obsessão com que persegue a substância de que é feita, ou ainda, pela sede com que a linguagem busca o ser: “Para Ele/ sou mulher e menina./ Para o mundo, sou silêncio e desordem./ Lassidão e rumor.// Uma muralha que sempre desejou ser flor”. Notável, nesse livro, que Deus seja nomeado com frequência, e ao amor, à morte, à mulher, aos mitos e símbolos recorrentes (como o do espelho e da flor), acrescente-se o motivo da fé e da oração que verbaliza ternura e humildade num corpo de joelhos. Importa, porém, lembrar que essa ternura na poesia de Marize é uma conquista apaixonada, e que, em sua fé, há a crueza dos místicos, como a de Maria Madalena, que, em seu Evangelho, ao invocar a alma, confere-lhe o predicado de “assassina”.

A natureza cíclica dessa poética afirma-se novamente em Lábios-espelhos, de 2009. Aqui, o motivo preponderante é a Poesia, em sínteses que nunca são óbvias tampouco artificiosas: “Ela é fonte./ Vela. Norte./ Cintila além de mim/ de você, da morte./ Antiga e exata./ Decidida e rara./ (…)/ É água e pedra/ som e silêncio/ destino e entrega/ asteroide e abismo// O mais puro grau da inocência”. É interessante observar que, nesse livro, há um poema que dialoga silenciosamente com a poeta norte-americana Laura Riding. “Não se aproxime!”, escreve Marize. “Para trás!”, diz Laura Riding (em To one about to become my friend). Enquanto, nesse último, os versos se revestem de ameaça, para, no fim, se fazerem inofensivos a quem seja seu amigo, o poema de Marize acautela o leitor da fatalidade de sua franqueza, como um beijo de morte, sem escudos nem disfarces. Esse diálogo poético é digno de nota pela relação entre ser e linguagem presente nas obras de ambas as autoras. “O que é ser?/ É ter um nome”, escreve L. Riding em outro poema. Curiosamente, Marize parece responder a esses versos no título de seu sexto livro: Habitar teu nome, de 2011.

Àquelas poetas familiares à autora desde seu primeiro livro — Ana C., Hilda Hilst e Orides Fontela — soma-se agora, na dedicatória de Habitar teu nome, o nome da artista Louise Bourgeois, cuja célebre escultura de aranha chamada Maman serve à poesia de Marize como nova imponente síntese de transmutação do ofício de fiar em vocação de dor. Pois é justamente a dor o motivo que atravessa esse sexto livro de Marize, entre outros recorrentes, como a morte e o amor (“a morte é uma eterna noite/ de amor// e o amor é uma ameixeira noturna// luminescente”), os mitos e seus espaços de origem, as metamorfoses (“é chegada a hora da passagem/ para a nova pele”), as leis de uma poética própria (“digo não a tudo que é prisão/ digo sim a tudo que é flor/ e risco”), uma linguagem que se pensa, que se diz e, ao se dizer, é: “rainha, serva, rapsoda do antes”, “corça de nenhum lugar”. Também uma procura mística está presente, numa “oração sem grito, sem templos, sem dízimos// (toda pra dentro de mim)”, numa pergunta que permanece, sobre o “Grande Mistério”, ou nos olhos de Santa Teresinha, que dizem: “não acredite/ escolha sozinha/ sua dor”.

Nesse breve retrospecto da obra de Marize Castro, que condensa 32 anos de ofício poético até hoje, vê-se um caminho de constante renovação ou reinvenção em que o poema é elaborado desde uma geometria aparentemente cristalina, porém surdamente violenta, semelhante àquela de Orides Fontela, para quem “toda palavra é crueldade”. Afinal, não somente por afinidades eletivas Orides, Hilda Hilst, Emily Dickinson fazem parte da família de Marize: todas elas comungam nessa liberdade que as singulariza, a cada uma, em sua época, sob uma quase penumbra em meio à fama alheia. A poesia de Marize faz-se neste outro tempo, não de uma subversão adolescente, mas de contendas internas e renascimentos que respondem a um compromisso com o próprio ser. É nesse sentido, de uma poesia feita em camadas de tempo retrabalhadas como magma, que se trata de uma poeta inspirada, sem qualquer prejuízo de um trabalho consciencioso nesse atributo de conotação romântica.

Definindo-as, por fim, a esta autora e sua poesia, a partir do sublime de seus próprios versos: uma poeta que compartilha de todos os universos, observada pelos olhos de Santa Teresinha e de Eros, cuja alma já chorou sobre o Potengi e o Tejo, cujo coração é um candeeiro triste, poeta feita de barro e piedade, que se diz Dama, moça e rapaz, artesã, aranha, terra, açude, país sequestrado, animal, fruta, fragata, pélago, poço, falésia, testemunha do divino, que se revela em inocência e se oculta em ritmo, que se enche de assombro e harmonia, de silêncios e soluços, poeta que não é Ana C. nem Sylvia Plath nem Virginia Woolf, e é todas elas, senhora dos abismos, quase Diotima, quase Hécuba, quase Safo, com uma poesia de fé andrógina, que verte lágrimas de outros séculos, que se ajoelha e ora e oferece a própria casa ao fogo, que se despe de adereços e armaduras, sempre à margem e em vigília, sustentada por paixões, uma poesia cujas leis são lírios, que suplica ser recebida pelo amor e que dele ouve o mandamento ineludível: “escreva”.

Mariana Ianelli

Nasceu em São Paulo em 1979. Formada em jornalismo, mestre em literatura e crítica literária, estreou na poesia em 1999 com Trajetória de antes. Em 2013, estreou na crônica com Breves anotações sobre um tigre. É também autora de dois livros infantis. Desde agosto de 2018, edita a página Poesia Brasileira no Rascunho. Escreve quinzenalmente, aos sábados, na revista digital de crônicas Rubem.

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